A garrando uma oportunidade, a condenação de alguns
políticos que o lideram, o Partido dos Trabalhadores postula novamente o
controle da imprensa. Existem graves distorções no jornalismo atual, devendo
ele ser tratado com rigor pelos interessados - leitores, ouvintes,
telespectadores- na forma e no conteúdo das notícias.Muitas críticas, no
entanto, têm origem em personalidades e grupos que desejam impor programas para
perpetuar seu poder.
De onde vem a tese de que é preciso regular a imprensa?
Lembremos o jurista Carl Schmitt, lido por Francisco Campos, ministro de Vargas
que no Estado Novo normatizou os jornais. O alemão afirma que, na busca de
formar a mente pública, o audiovisual ameaça o Estado. O poder político deve
ter o monopólio dessa técnica. "Nenhum Estado liberal deixa de reivindicar
em seu proveito a censura intensiva e o controle sobre filmes e imagens, e
sobre o rádio. Nenhum Estado deixa a um adversário os novos meios de dominação
das massas e formação da opinião pública". O Estado, diz Schmitt, deve
controlar os meios de comunicação: "Os novos meios técnicos pertencem
exclusivamente ao Estado e servem para aumentar sua potência". O ente
estatal "não deixa surgirem seu interior forças inimigas. Ele não permite
que elas disponham de técnicas para sapar sua potência com slogans
como"Estado de direito","liberalismo" ou um outro
nome" (Schmitt em 1932, cf. O. Beaud: Os Últimos Dias de Weimar). A raiz
histórica da tese é venenosa.
(...)
A mídia regulamentada teve seu papel no extermínio dos
judeus, embora o regime mantivesse o segredo como arma.
Himmler, discursando em Poznan (4/10/1943), disse que o
Holocausto era "um capítulo glorioso da SS que nunca chegou a ser
escrito". A leitura dos jornais sob controle mostram algo diferente.A
popularidade de Hitler, é certo, não se deveu à mídia ventríloqua, mas é falso
dizer que jornais "independentes" (Frankfurter Zeitung, Berliner
Tageblatt, etc.) se opuseram ao regime. Paul Scheffer, editorialista do
Berliner Tageblatt, narra que sua posição era de marionete sob Goebbels. Os
jornais deveriam "parecer" diversificados, mas agir na linha única,
imposta pelo partido.
Muitos leitores cancelaram assinaturas dos jornais.Os
periódicos estrangeiros eram lidos com sofre guidão.Nos textos censurados as
pessoas aprenderam a ler entre as linhas para compensar a falta de informações.
O encanto por Hitler seguia ao lado da impopularidade do seu partido.Segundo I.
Kershaw (O Mito de Hitler: o culto do Führer e a opinião popular), os alemães
atribuíam ao Führer os sucessos anteriores à guerra. A "corrupção, a
imperícia administrativa e problemas de suprimento não se deviam a ele,mas ao
partido".A mídia fantoche fazia do líder um inimputável. Os jornais
regulamentados apresentavam-no como a pessoa que acabara com o desemprego,
vencera a corrupção,levara a Alemanha ao poder europeu.Os fracassos eram
atribuídos aos inimigos,como os judeus. (Informações preciosas encontram-se em
BruceA.Murray, Framing the Past: The Historiography of German Cinema and
Television.)
Virada a página,no mundo soviético,idênticas loas ao Pai
dos Povos,igual servilismo imposto à imprensa.
E hoje, no mundo e no Brasil? Em greve inédita contra a
censura, um jornal do próprio governo chinês (Global Times), em texto dos
editores afirma: "A realidade é que antigas políticas de regulação da
imprensa não podem continuar como estão.A sociedade está progredindo e a
administração deve evoluir" (BBC, 7/1/2013).Depois do nazismo, do Pravda
(o jornal mais mentiroso da História), das ditaduras Vargas e de 1964, a
sociedade evoluiu, salvo para os que comparam sua ideologia aos oráculos. Os
deuses exigem espinhas e almas quebradas.
3 comentários:
A inglaterra governada por fachistas? Os EUA são governados por fachistas? O Brasil teve um famoso jornalista (da Globo) que falava o que bem entendia de todo mundo que se mudou para os EUA e lá foi precessado e condenado. Aqui no Brasil, com nosso glorioso judiciário, não conseguiram processar o elemento.
Fachista?
O que será que quer dizer isto?
Fascismo e fascista até sei o que é, mas "fachista" nem imagino o que seja.
Essa nova língua PeTralha aos pouquinhos está se espraiando e não demorará muito haverá gente andando de quatro e zurrando.
Vamos mudar o disco. Devemos controlar a 'mão leve' dos políticos e não a imprensa.
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