Jobim, o ministro insensato


CLIPPING / Augusto Nunes / Jornal do Brasil, 6 de junho de 2009

O ministro insensato, o sino sumido e a Constituição violentada

Em outubro de 2003, o Brasil foi confrontado com um crime que, praticado 15 anos antes pelo deputado constituinte Nelson Jobim, assumiu dimensões bem mais perturbadoras ao ser revelada por um Nelson Jobim já vestindo a toga de ministro do Supremo Tribunal Federal. Com a naturalidade de quem explica por que prefere chimarrão a café, o ex-parlamentar do PMDB gaúcho confessou ter infiltrado na Constituição de 1988, cujo texto definitivo lhe coube redigir, dois artigos que não haviam sido votados, muito menos discutidos no plenário.


Se o país tivesse juízo, a reação indignada obrigaria Jobim a devolver a toga, identificar os textos contrabandeados (para que fossem prontamente expurgados), pedir perdão ao povo em geral e a seus eleitores em particular, voltar aos Rio Grande do Sul e ali ficar à espera da intimação para explicar-se no tribunal. Se o Brasil fosse sensato, milhões de cidadãos ultrajados estariam tentando entender como pôde quem faz uma coisa dessas ter virado ministro da Justiça e depois ministro da corte incumbida de decidir o que é ou não é constitucional.

Como o país não tem juízo e raramente é sensato, fez de conta que o cinqüentão Jobim continuava tão brincalhão quanto o estudante de direito que fez parte do grupo que furtou o sino da faculdade e, em vez de devolver o símbolo da faculdade, transformou-o em troféu de uma confraria de marmanjos. Nações com hímen complacente não gritam nem quando a Constituição é afrontada.

Três dias depois da revelação, o réu confesso voltou espontaneamente ao tema para garantir que não agira sozinho. As infiltrações ilegais, alegou, foram encomendadas pelo deputado Ulysses Guimarães, presidente da Assembléia Nacional Constituinte morto no começo dos anos 90. Ulysses não viveu para confirmar ou desmentir a versão que o reduz a mandante do crime de falsificação de documento público.

Por se achar muito brincalhão, ele costuma tratar coisas sérias com a leviandade do garotão que ajudou a fundar a Ordem do Sino. Brinca de general, almirante, brigadeiro, até já incorporou o herói de araque Jobim das Selvas para duelar com a sucuri. Era previsível que acabasse brincando com o que mata, fere, espanta, dói, atormenta, traumatiza. Um acidente aéreo apavorante, por exemplo.

6 comentários:

Anônimo disse...

Na acepção campeira, Jobim não passa de um chupim e além disso, é fanfarrão e irresponsável ,digno de uma republiqueta bananeira, que só é mantida por ter empresários, pecuaristas e grandes agricultores que levam o barco com competência, se dependesse desses chupins da política partidária e de alguns togados cuja constituição foi jogada no lixo e substituída pelo "O Capital" daquele cara que tinha furúnculo nos países baixos, seríamos somente mais um Haiti no mundo!

Anônimo disse...

Gostei. Muito bom o Augusto Nunes. Te inspira nele, editor.

Anônimo disse...

Não me espanto com mais nada! A verdade absoluta, gostem ou não é que o país ficou órfão. Não temos a quem reclamar, não temos a quem recorrer, não temos em quem acreditar. Estamos a sorte, tentando sobreviver o tempo que nos resta.Ai que saudade dos militares!

Anônimo disse...

Saudades dos militares?????? este com certeza deve ser doido varrido.

Anônimo disse...

Afinal, é só confrontar os textos votados com o texto final e ver o que foi infiltrado.

Anônimo disse...

Saudade dos milicos, né?

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