A enorme popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não se traduziu em votos. A ex-ministra Marta Suplicy, em São Paulo, não se beneficiou dela e vai ter de disputar o segundo turno, tendo tido ontem um desempenho aquém do esperado. Em Natal, Lula fez uma cruzada contra a candidata do PV, Micarla de Souza, e ela ontem venceu no primeiro turno. A baixa capacidade de transferir votos pode prejudicar os planos da ministra Dilma Roussef (PT), a candidata de Lula para disputar sua sucessão em 2010.
. Pouco depois de votar em uma escola próxima à sua casa, em São Bernardo do Campo, Lula recorreu de novo ao discurso dos ricos contra os pobres, e disse que a população mais pobre já não segue os chamados formadores de opinião. Para ele, uma das conseqüências da consolidação da democracia é a emancipação política e ideológica das pessoas de baixa renda.
. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) não vê as eleições municipais como uma prévia para a disputa pela Presidência em 2010. Ao votar ontem pela manhã no Colégio Sion, em Higienópolis, FHC disse que Marta Suplicy (PT) vai perder a disputa no segundo turno. Ele entende que o presidente Lula, apesar de seu prestígio e de sua biografia, não conseguirá transferir votos: "A transferência de votos é uma ilusão. É muito excepcional".
. Para FHC, esta eleição vai repetir as anteriores: "O fato municipal pesa mais do que o fato nacional. Infelizmente, as pessoas votam em pessoas, não votam em partidos". Ele lembrou que o refrão de sua campanha em 1978, de autoria de Chico Buarque, já dizia que o povo não quer mais caciques. "Infelizmente continuamos com muitos caciques. Quando algum desses, com atração popular muito forte aparece, votam nele, mas ele não transfere votos", disse, referindo-se a Lula.
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