Clipping/ Blog Reinaldo Azevedo
31/10/2008
Se Lula torcesse pelo Brasil e não se deixasse cegar por conversa mole — a exemplo de boa parte do mundo, que considera Obama o triunfo do antiamericanismo (e, nesse sentido, estão todos errados) —, estaria torcendo para John McCain. Comecemos pelo óbvio: as chances de o etanol brasileiro ser economicamente viável nos EUA seriam muito maiores com a vitória do republicano, que votou contra o subsídio ao etanol do milho. Obama foi favorável.
Aliás, é importante deixar claro: meu “voto” em McCain nada tem a ver com a suspeita de que Obama seja um esquerdista ou coisa parecida. Aliás, acho que esse tipo de abordagem só fortalece a sua candidatura. Ao contrário até: há boa chances de, caso eleito, ele querer mostrar ao mundo que também sabe ser um Falcão. Acho, por exemplo, temerário tudo o que ele diz sobre o Paquistão. Ele vai lá mesmo “caçar” terroristas à revelia, se preciso, daquele governo? Minha principal restrição a Obama é sua óbvia e impressionante inexperiência.
Mas vejam a fala de Lula: ela é emblema de uma certa percepção que vai mundo afora, evidente demais para não ser considerada: torcem por Obama todos aqueles que consideram que os Estados Unidos “merecem” uma lição. É como se estivessem se regozijando por estarem os americanos elegendo um presidente disposto a dar uma lição nos... americanos. E Lula explicita outra questão óbvia: a cor da pele, assunto praticamente ausente da campanha do democrata. Ora, é óbvio que um jovem senador, em primeiro mandato, por mais que se esforçasse e por mais talentoso que fosse, não seria o favorito à Presidência se fosse branco. Foi a questão racial que fez dele um fenômeno.
Não desconfiasse eu desta figura de enorme apelo publicitário chamada Barack Obama, seria o caso de torcer por ele. Se eleito, é bem possível que tente ser mais conservador do que seria um John McCain, que teria de provar não ser mera continuidade de George W. Bush. Num país dividido, McCain teria de conquistar os democratas. Obama vai tentar atrair os republicanos. Mas, no mundo de Lula, como sempre, a realidade é vivida pelo avesso.
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