Veja mostra as ligações das Farc com petistas

CLIPPING/ Revista Veja

F@rc: os e-mails que comprometem
Arquivos apreendidos com a guerrilha mostram que a relação do PT com as Farc é maior do que se sabia – e pode ter chegado ao governo.

Por Alexandre Oltramari

Há cinco meses, tropas colombianas abriram um clarão na selva próximo à fronteira da Colômbia com o Equador. Realizada em território vizinho, a caçada implodiu um dos centros de comando das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), matou 23 de seus integrantes e causou um grave incidente diplomático na América do Sul. Em meio aos destroços, os militares recuperaram intactos três computadores portáteis que pertenciam a Raúl Reyes, o número 2 das Farc, especialista em finanças, expoente da ala mais radical e sangrenta da guerrilha e que foi morto na operação. A memória resgatada dos computadores de Reyes tem provocado efeitos políticos extraordinariamente positivos na região. O presidente venezuelano, Hugo Chávez, aparece nas mensagens como financiador das ações do grupo terrorista. O pouco que se revelou do conteúdo do computador do terror sobre Chávez já fez o ditador venezuelano abrandar o tom. De revolucionário passou, de uma hora para outra, a conciliador. Na semana passada, a revista colombiana Cambio publicou uma reportagem com base nos dados resgatados do computador de Reyes, mostrando que também no Brasil os tentáculos são tão grandes quanto já se suspeitava. É conhecida a histórica afinidade ideológica dos radicais do PT – felizmente, uma minoria – com o grupo terrorista. Os arquivos eletrônicos apreendidos, porém, revelam que desde a posse do presidente Lula essa aproximação foi ficando cada vez mais intensa, envolvendo integrantes do governo em ações políticas de interesse dos guerrilheiros.
As novas evidências sobre esses laços clandestinos estão reunidas em 85 mensagens eletrônicas trocadas por representantes das Farc entre 1999 e 2008. Apreendidos nos computadores de Reyes, os arquivos chegaram às mãos do ministro da Defesa, Nelson Jobim, e foram objeto de uma conversa mantida pelo presidente brasileiro com seu colega Álvaro Uribe na visita que Lula fez à Colômbia, há duas semanas. Embora nenhuma das mensagens divulgadas até agora tenha como interlocutor alguém do PT ou do governo, existem diversas referências a membros do partido e do governo brasileiro. A correspondência sugere vínculos das Farc com parlamentares, dirigentes petistas, cinco ministros e ex-ministros e três assessores pessoais do presidente Lula. As referências, em sua ampla maioria, revelam apenas tentativas de aproximação com o governo por meio de dirigentes e parlamentares petistas. Não haveria, portanto, nada que pudesse levar à conclusão de que há ou havia entre eles uma relação mais estreita. O problema é que, ao se verificarem alguns dos assuntos tratados, percebe-se que as ações de interesse dos narcoguerrilheiros foram bem-sucedidas – parte delas com apoio, segundo os relatos, de pessoas influentes do governo.

O ELO COM O GOVERNO
O ex-ministro José Dirceu é apontado como elo com o governo. Em e-mail enviado em junho de 2005, um dirigente das Farc, identificado como José Luis, conta ter se encontrado com um emissário de Dirceu, o jornalista Breno Altman, em Cuba. A partir daí, segundo a mensagem, os contatos passaram a ser feitos por intermédio de Dirceu
AJUDA NO PLANALTO
O chefe-de-gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, foi citado em um e-mail de Olivério Medina a Raúl Reyes, em fevereiro de 2007. Ele é retratado como um simpatizante que teria ajudado as Farc no governo. Nas mensagens divulgadas até agora, porém, não há nenhuma evidência de que Carvalho tenha ajudado a guerrilha. Ele nega qualquer relação com as Farc
REFÚGIO GARANTIDO
Em um e-mail recebido por Reyes em setembro de 2006, Olivério Medina faz menção a um telefonema que o secretário de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, teria dado para cumprimentar seu advogado pela obtenção do refúgio no Brasil. Graças a decisão do governo, Medina teve seu pedido de extradição para a Colômbia negado pelo STF
CONTRA OU A FAVOR?
As Farc tentaram usar o assessor internacional de Lula, Marco Aurélio Garcia, para se aproximar do governo petista. A tentativa de aproximação foi revelada por Medina: "Estive falando com a deputada federal Maria José Maninha. Combinamos que [ela] vai me abrir caminho rumo ao presidente via Marco Aurélio Garcia". Ele diz ter trabalhado contra a guerrilha

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