Alphonsus Pereira - O coração do Rio Grande parou

O coração do Rio Grande parou de bater na madrugada de 27 de janeiro
“Um corpo morto não se vinga de ferimentos” , diz o provérbio
Resta-lhe apenas o lamento da gaita hiante rumo ao Hades.
Santa Maria foi engolfada pela tragédia:
centenas de promessas de felicidade empilhadas no labirinto
Fumaça tóxica.Chamas implacáveis.Ganância incontida. Negligência tida.
A cidade que não é só cidade: a lenda de um tempo memorável
Já não suspira, expira em desespero.
Uma centelha irresponsável,
um teto inflamável ,
uma caixa selada pela irresponsabilidade.
A asfixia inexorável.
Cercada por belos morros a cidade jamais amanhecerá da vigília
O “vento norte” lhe castigará em cada lufada com a saudade dos que se foram
A primavera já não mais lhe perfumará com os doces aromas de almas encantadas
Os invernos serão rigorosos e ameaçadores.
E a cada verão, o sobressalto baixará sobre a cidade
Um grito sufocado velará a eterna espera dos filhos que partiram tão cedo
O eterno retorno impresso como peixe incrustado na árvore petrificada
Outrora existente na Travessa Angostura.
Uma mãe encontrará, um dia, sob os escombros, um batom inconsumido
E imaginará a boca alegre da sua menininha.
Um pai pensará ter encontrado no pé de tênis azul chamuscado um vestígio do filho
Chorarão inconsoláveis.
O soluço surdo ecoando no perau que sobe às estrelas em busca de respostas.
.
O relógio bate três badaladas de ansiosa expectativa.
Baterá quatro. Baterá cinco. Os minutos se arrastam. Os segundos cristalizam horas..
Um galo canta três vezes . A mãe aflita vai três vezes à janela. Por três vezes reza.
Perderá três amados filhos...
Sirenes cortam a noite inquieta.. Anunciam o temor.
A palavra corta. O pranto se instaura.
O tempo já não é, dá-se de repente como o sopetão de eternidade comprimida.
Os rumores atravessam paredes caiadas de esperança e confirmam o caos.
Nesse exato momento um jovem tenente sucumbe impelido pelo ardor de ver a vida viver
O tumulto se instaura.
A cidade seca mergulha num oceano de lágrimas amargas...

2 comentários:

Anônimo disse...

"E AGORA JOSÉ"! O que fazer nas folgas estudantis?

Afastada dos velhos ideais públicos, voltados apenas aos gozos, espero que os estudantes agora assumam a UNE de fato pelo Brasil. Brasil não é Rio de Janeiro e seus eventos carnavalescos.

Vocês, Estudantes! Tem a reconstrução do Brasil destruido pela corrupção, originária da velha politica das Capitanias Hereditárias. MUDEM agora isto, pintem os rostos de Verde e Amarelo para não chorar amanhã, como ocorre hoje com os velhos.

ASSUMAM A UNE de FATO! NÃO SÓ meia entrada para estudante, FISCALIZEM tudo nas FOLGAS estudantis, para que possam orientar os novatos ("bixos") corretamente.


Anônimo disse...

Que essa vigilia seja permanente e se estenda por todos os angulos da vida social da cidade, do estado e do país de modo a impedir, prevenindo, que fatos da natureza com os relatados possam se repetir em qualquer lugar do nosso rincão.
Só assim poderemos evitar que novas ocorrências similares venham a ocorrer.
Mesmo assim não existe garantia 100% de jamais ocorrerá algo parecido.

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