- Pode até ser um bom começo, mas é tímido,  insuficiente e até covarde o pacote lançado por Dilma Rousseff para abrir à  iniciativa privada os investimentos que os governos deveriam promover na  infraestrutura e não o fazem por falta de dinheiro e de competência. Leia a  análise de Cesar Maia, que não reconhece sequer a boa intenção do revisionismo  petista:
1. A presidente Dilma Rousseff anunciou semana passada um pacote  de investimentos em infraestrutura rodoviária e metroviária via concessões.  Ganhou destaque quando informou que seriam 133 bilhões de reais em 25 anos e  23,5 bilhões de reais nos próximos 5 anos. Vamos analisar o impacto destes  valores sobre a dinâmica macroeconômica.
            
2. O PIB do Brasil,  informado pelo governo, é de 4 trilhões e 140 bilhões de reais. O número mínimo  de investimentos federais em infraestrutura, que coincide com uma média  histórica, são 2% do PIB ou 80 bilhões de reais por ano. Um investimento menor  que esse afeta o chamado custo Brasil. Foi o que ocorreu. Hoje, fala-se em 4% do  PIB para recuperar o atraso. Mas deixemos isso de lado. Fiquemos com os 2% ou 80  bilhões de reais por ano.
            
3. Os 133 bilhões divididos por 25  anos são 5,3 bilhões de reais por ano. Os 23,5 bilhões de reais nos próximos  cinco anos são 4,7 bilhões de reais por ano. Para facilitar o raciocínio, usemos  5 bilhões de reais por ano de investimentos que Dilma, via concessões, agregará  à infraestrutura ferroviária e rodoviária.
            
4. Comparemos  estes 5 bilhões de reais com os 80 bilhões (2% do PIB) necessários. Eles  representam 6%. Ora, então supondo que o governo Dilma e o próximo governo  investirão mesmo 2% do PIB por ano, este pacote-Dilma apenas acrescentará 6%.  Dessa forma, o valor acrescentado fará passar os 2% do PIB para 2,077% do PIB.  Algo irrisório para tantos fogos de artifício e tanto destaque do  noticiário.
            
5. E o PSDB –ainda traumatizado pelo segundo  turno de 2006, quando o PT usou as privatizações como arma de campanha- colocou  matéria paga na imprensa e seu presidente fez declarações públicas saudando  Dilma por tal decisão. Ingenuidade dupla: a) usar o PT para legitimar seus atos;  b) destacar tanto um leve incremento de 0,07% sobre os obrigatórios 2% do PIB  como grande façanha.
 
 
2 comentários:
Os governos no Brasil, de uma forma geral, não são sérios, criam factóides o tempo todo para amansar o povo.
É pré-sal, é trem bala, é lá sei eu mais o que. De prático, muito pouco.
Políbio, na verdade, essa conta está incompleta. Segundo essa matéria da Veja http://veja.abril.com.br/noticia/economia/com-pac-das-concessoes-dilma-retoma-as-privatizacoes serão 79,5 bilhões de reais apenas nos primeiros cinco anos (rodovias + ferrovias). Se empregarmos o mesmo raciocínio do autor do texto, haverá um incremento anual de 15,9 bilhões, ou seja, 98,7 bilhões. A partir do montante do PIB - 4 trilhões 140 bilhões - o acréscimo será de 0,38% - 2,38% - e não 0,07% - 2,077%. O que continua sendo inexpressivo. Abraços.
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