Crise mundial: tombo no Brasil é maior que nos EUA e Europa

Clipping/ Correio Braziliense
03/02/2009

Enquanto o presidente Lula cobrava ontem mais empenho de seu ministério para que o governo consiga botar na rua as esperadas medidas para combater os efeitos da crise mundial, uma leva de economistas chegava a uma triste constatação: o tombo que a economia brasileira sofreu no último trimestre de 2008 foi muito maior do que o registrado no mesmo período nos Estados Unidos, onde se originou a atual turbulência. Nas contas desses especialistas, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil encolheu entre 2% e 2,9% ante os três meses anteriores (julho a setembro) — o número oficial será divulgado em 10 de março. Já nos EUA, a contração ficou em 0,94% (ou 3,8%, quando a taxa é anualizada). A queda do PIB do país também foi maior do que a verificada na Inglaterra, de 1,5%, e deverá superar a média mundial.

Segundo a economista-chefe do Banco ING, Zeina Latif, há vários motivos para explicar o porquê de o PIB brasileiro ter recuado tanto no quarto trimestre do ano passado. Primeiro, os EUA já vinham em recessão desde o fim de 2007. Portanto, a queda que se viu no período foi mais uma de uma sequência. Segundo, a base de comparação da economia brasileira é muito alta. Entre julho e setembro, a demanda doméstica (consumo das famílias, consumo do governo e investimentos) tinha dado um salto de 9,3%. Terceiro, a produção parou e os estoque aumentaram violentamente, sobretudo no setor automotivo, cuja cadeia representa 14% da indústria. Para piorar, acrescentou Zeina, o crédito ficou restrito e caro, não respondendo às medidas adotadas pelo Banco Central para irrigar o sistema financeiro.

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