Neste 40º aniversário da edição do Ato Institucional número 5 (13 de dezembro de 1968) vale a pena relembrar a colaboração do jornal Zero Hora, de Porto Alegre, com a ditadura militar. Esta história não é contada em prosa e verso como são contados os seus sucessos democráticos atuais nas suas emissoras de rádio e de TV, mas ela constitui a página mais negra da história da RBS. A capa do jornal, no dia 13 de dezembro de 1968, quando da edição do Ato Institucional número 5, que endureceu o regime de 1964, transformando-o numa legítima ditadura, demonstra a profundidade da colaboração. “Ato existirá até acabar a subversão” (foto), abriu o jornal, em manchete de cabo a rabo, reproduzindo declaração de um dos mais completos serviçais da ditadura na época, o então chefe da Casa Civil do governador Peracchi Barcelos, o professor Clóvis Stenzel. Alguns anos mais tarde, Stenzel foi elevado ao board de decisões da RBS, ninguém sabe ao certo com que missões, mas com objetivos entendidos como censura, patrulhamento e perseguições políticas do corpo de jornalistas. Na época, o editor foi preso várias vezes por crimes de opinião e demitido de Zero Hora.
. Até maio de 1964, três meses depois do golpe, o jornal Zero Hora chamava-se Última Hora. O jornal foi fundado no Rio por Samuel Wainer, que usou dinheiro do Banco do Brasil e dólares na cueca para criá-lo, conforme conta claramente na sua biografia. Última Hora defendeu os governos Vargas e Goulart. Quando a ditadura militar surgiu, em março de 1964, a situação do diário ficou insustentável. Ary de Carvalho, o homem de Wainer no RS, “comprou” o jornal e no dia 4 de maio mudou o nome para Zero Hora, proclamando sua total adesão à ditadura. Ary de Carvalho tentou dourar sua má origem política, incluindo no Conselho de Administração nomes mais tolerados pela ditadura: Dante de Laytano, Ricardo Eichler, Otto Hoffmeister e Evaristo Ribas Soares. Três anos depois foi vendida para Maurício e Jayme Sirotsky, que já eram donos da Rádio e TV Gaúchas. O império da RBS surgiu a partir daí.
. De lá para cá, o jornal da RBS jamais deixou de colaborar com qualquer governo federal jamais instalado em Brasília, fosse quem fosse.
CLIQUE AQUI para ler a longa história de colaboração de Zero Hora com a ditadura militar.
2 comentários:
É, fazer o que né? O problema é que os militares mataram pouca gente! Inclusive pouparam estes inescrupulosos que hoje estão no poder...
O doutor Paulo Pasqualini já escreveu sobre a vida pregressa do jornal Zero Hora (à época em que foi perseguido pelo veículo do Grupo RBS)
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