Clipping/ Jornal O Estado de S.Paulo/ 10/11/2008
A decisão da Polícia Federal de entrar no escritório do Rio de Janeiro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) irritou os arapongas e dividiu o governo. No Palácio do Planalto, assessores da Presidência chegaram a classificar a iniciativa, apesar de respaldada por ordem judicial, como um recado intimidatório e uma agressão institucional à Abin.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi informado da decisão da Justiça e da ação da PF e considerou que não havia o que questionar, já que estava legalmente coberta. Oficialmente, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), a quem a Abin está subordinada, não se manifestou.
O clima que já era ruim entre Abin e PF ficou muito pior. O entendimento na Abin é de que a petição do delegado Amaro Ferreira foi "excessiva e extemporânea" e "demonstrou uma animosidade inaceitável, sem cabimento". E avisaram: vai ter troco.
A complexidade que envolve a investigação de Daniel Dantas é considerada muito grande e o presidente Lula tem sido bombardeado com informações dos dois lados da guerra. O ministro da Justiça, Tarso Genro, endossa as ações da Polícia Federal. Já o GSI adverte para a forma como o processo está sendo conduzido e a como as investigações estão sendo feitas, deixando de lado as apurações em relação ao principal acusado da história, Daniel Dantas, e suas ramificações, e se concentrando em avaliações consideradas acessórias pelos analistas.
No entanto, na própria Abin há grupos que censuram a operação que culminou com o empréstimo de servidores da agência para a PF concluir a Satiagraha.
No Planalto, os que tentam classificar de abusiva a atitude da PF - de entrar na Abin e na casa dos analistas de inteligência - lembram que ela já esteve na casa do irmão do presidente. Observam ainda que ela entrou na Casa Civil para pegar seis computadores, a fim de analisar os dados contidos nas máquinas, durante investigação do vazamento de informações sigilosas que deu origem ao dossiê com gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) com cartões corporativos.
A operação na Abin ocorreu no mesmo dia em que foi assinado o afastamento por mais 60 dias do diretor-geral da agência, Paulo Lacerda, e de três outros auxiliares.
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