Poucas vezes terá havido situação semelhante à deste
nosso banquete de horrores no qual 90% dos comensais declaram-se com nojo da
comida que lhes tem sido servida, mas são obrigados a continuar a tragá-la
simplesmente porque não sabem pedir outro prato.
Na segunda-feira, 19, O Globo publicou nova
reportagem da série Cofres Abertos, sobre a realidade do Estado petista. O
título era Remuneração em ministério vai até R$ 152 mil. Eis alguns dados:
Lula acrescentou 18,3 mil funcionários à folha da União em oito anos. Em apenas
quatro Dilma enfiou mais 16,3 mil. Agora são 618 mil, só na ativa; 103.313
têm “cargos de chefia”. Os títulos são qualquer coisa de fascinante. Há um
que inclui 38 palavras: “chefe de Divisão de Avaliação e Controle de
Programas, da Coordenação dos Programas de Geração de Emprego e
Renda...” e vai por aí enfileirando outras 30, com o escárnio de referir
um acinte desses à “geração de emprego e renda”.
O “teto” dos salários é o da presidente, de R$
24,3 mil. Mas a grande tribo só de caciques constituída não pelos funcionários
concursados ou de carreira, mas pelos“de confiança”, com estrela vermelha no
peito, ganha R$ 77 mil, somadas as“gratificações”, que podem chegar a 37
diferentes. No fim do ano tem bônus “por desempenho”. A Petrobrás
distribuiu mais de R$ 1 bilhão aos funcionários em pleno “petrolão”,
depois de negar dividendos a acionistas. A Eletronorte distribuiu R$ 2,2
bilhões em “participação nos lucros”, proporcionados pelo aumento
médio de 29% nas contas de luz dos pobres do Brasil, entre os seus 3.400
funcionários. Houve um que embolsou R$ 152 mil
A folha de salários da União, sem as estatais, que são
142, passará este ano de R$ 100 bilhões, 58% mais, fora inflação, do que o
PT recebeu lá atrás.
Essa boa gente emite 520 novos “regulamentos” (média)
todo santo dia. Existem 49.500 e tantas “áreas
administrativas” divididas em 53 mil e não sei quantos“núcleos
responsáveis por políticas públicas”! Qualquer decisão sobre água tem de passar
pela aprovação de 134 órgãos diferentes. Uma sobre saúde pública pode envolver
1.385 “instâncias de decisão”. Na educação podem ser 1.036. Na segurança
pública, 2.375!
E para trabalhar no inferno que isso cria? Quanto vale a
venda de indulgências?
Essa conversa da CPMF como única alternativa para a
salvação da pátria em face da “incompressibilidade” dos gastos
públicos a favor dos pobres não duraria 10 segundos se fatos como esses fossem
sistematicamente justapostos às declarações que 100 vezes por dia os jornais,
do papel à telinha, põem no ar para afirmar o contrário. Se fossem editados e
perseguidos pelas televisões com as mesmas minúcia, competência técnica e
paixão com que seus departamentos de jornalismo fazem de temas desimportantes
ou meramente deletérios verdadeiras guerras santas, então, a Bastilha já teria
caído.
Passados 10 meses de paralisia da Nação diante da
ferocidade do sítio aos dinheiros públicos e ao que ainda resta no bolso do
brasileiro de 2.ª classe, com a tragédia pairando no ar depois de o governo
mutilar até à paraplegia todos os investimentos em saúde, educação, segurança
pública e infraestrutura, a série do Globo é, no entanto, o único
esforço concentrado do jornalismo brasileiro na linha de apontar com fatos e
números que dispensam as opiniões de “especialistas” imediatamente
contestáveis pelas opiniões de outros “especialistas” para expor a
criminosa mentira de que este país está sendo vítima
Nem por isso deixou de sofrer restrições
mesmo “dentro de casa”, pois, apesar da contundência dos fatos, da
oportunidade da denúncia e da exclusividade do que estava sendo apresentado, a
1.ª página do jornal daquele dia não trazia qualquer“chamada” para o seu
próprio “furo” e nem as televisões da casa o repercutiram. CLIQUE AQUI para ler mas.
4 comentários:
Mas esperar O QUE se os que governam e mais os que seriam oposição são igualmente corruptos, só pode dar nisso.
Unica solução é "fechar o pau" de vez para ver se muda o Brasil.
Não se trata de um impeachment ou do petismo simplesmente. O Estado inteiro está corrompido, estagnado, canceroso. Seria no mínimo necessário fechar o Governo Federal por uns 2 anos e permitir que uma comissão de notáveis reestruturasse todo o sistema administrativo e fiscal do Brasil demitindo todos os cargos de confiança e usando apenas os concursados para enxugar, regular e informatizar a máquina pública inteira. Só então haveria eleições para escolher representantes de partidos políticos para tratarem da governança.
Perfeita a colocação do anonimo das 16:04.
Quem bom que o Governo do PT abre concurso público e chama os concursados e, via de regra, paga bem. E ainda tem um grande vácuo no setor da saúde, por exemplo de médicos. Alias são os médicos que não querem trabalhar no setor público porque o privado paga mais e, quando trabalham fazem bico.
Já os CCs, infelizmente são necessários, não só no governo federal, como no estadual e municipal para que o governo possa fazer alianças e ter maioria no Legislativo.
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