"Entre nós, um político cujo título maior é o de ex-guerrilheiro, hoje condenado 
por trapaças perpetradas contra o erário _ corrupção e formação de quadrilha _ 
assume sem pejo nem rubor, jurando cumprir e fazer cumprir a Constituição, uma 
cadeira de deputado, sob entusiástica aprovação dos 
companheiros".
Gabriel García Márquez, na cerimônia de entrega do seu 
Prêmio Nobel, há uns 30 anos, disse que, sendo ele um sul-americano, não tinha 
dificuldade em encontrar personagens e enredos para produzir o realismo 
fantástico em que foi mestre incomparável. E ilustrou seu discurso com alguns 
fatos históricos, ligados a diversos governos do subcontinente, que nada ficavam 
a dever em extravagância e bizarria a suas ficções.
Um generalíssimo, quando 
de sua morte, deixou disposições minuciosas sobre seus funerais: deveria ser 
velado em uniforme de gala, com suas medalhas, sentado em seu trono _ e assim se 
fez. Um outro, para homenagear-se, queria uma estátua equestre, mas não tinha 
com que pagá-la: seus acólitos compraram uma usada e descartada, em um depósito 
parisiense, sem importar quem fosse o retratado (era o marechal Ney) e a 
instalaram na praça com todos os rituais e solenidades. Um terceiro inventou um 
instrumento em forma de pêndulo para detectar veneno em sua comida. E assim por 
diante.
(...)
Há pelo menos uma nação governada por um caudilho ausente, 
que ninguém sabe se está vivo ou morto. Outra foi até data recente dirigida por 
um ex-bispo excomungado, que se empenhara, antes de meter-se em política, no 
clandestino incremento populacional de sua pátria. Também há uma cujo 
presidente, levando a sério a anedota da "Suíça americana", pensa estar na 
Holanda e tenta forçar a legalização do tráfico de drogas. E aquela regida por 
um cacique sem preparo sequer para governar uma taba.
Entre nós, um político 
cujo título maior é o de ex-guerrilheiro, hoje condenado por trapaças 
perpetradas contra o erário _ corrupção e formação de quadrilha _ assume sem 
pejo nem rubor, jurando cumprir e fazer cumprir a Constituição, uma cadeira de 
deputado, sob entusiástica aprovação dos companheiros. Outros, em similar 
situação, já ocupam vagas na mesma casa, com ar de quem nada tem a ver com isso, 
e de lá não têm a menor intenção de sair. A menos que, no país da piada pronta, 
a Câmara comece a botar ladrões pelo ladrão.
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tudo.
* Clipping Zero Hora, artigo de Adroaldo Furtado Fabrício, 
advogado, jurista, ex-presidente do Tribunal de Justiça do RS.
 
 
7 comentários:
TEXTO IMPECÁVEL E IRREPARÁVEL !!!!
Estou igual a avestruz, escondendo a cabeça. Ser brasileiro virou vergonha nacional.
Brasilia é o maior presidio a céu aberto e o unico lugar com detentos pagos.
eduardo menezes
Onde vou viver com minha "nega"?
Tá tudo dominado!
Esse anonimo das 15:21 faz a constatação da maior bolsa que o governo paga para determinadas pessoas no Brasil que é a Bolsa Brasília.
Custa os olhos da cara para o povo brasileiro. Muito mais que o bolsa familia.
A venezuela tem o STF deles, assim, como o Paraguai.
Segundo este servidor publico aposentado, jornaleiro, bom mesmo para a patuleia e so aquilo que ele e os seus pensam... O restante nao presta. Depois nao entendem porque o LULA elege postes. E em 2014, segundo se comenta por ai, o LULA apresentara uma surpresa: uma CAIXA DE PAPELAO com candidato. Mas o nobre servidor aposentado, se acredita que e melhor do que aqueles que recebem os votos da populacao, poderia apresentar a sua candidatura, ne?
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