As reflexões em exame podem ser desdobradas em múltiplos
segmentos. Porém, vamos nos ater, neste momento, ao mais alto mandatário do
Brasil: o presidente da República. Detentor dos mais valiosos segredos da
nação, conhecedor e guardião de informações privilegiadas em todas as áreas que
competem à administração pública e aos interesses estratégicos, um
ex-presidente deveria possuir, após o fim do mandato, condições que lhe
assegurassem plena independência frente aos agentes políticos e econômicos,
sejam nacionais, sejam internacionais.
A figura de um ex-presidente da República pertence, em
grande medida, à nação, e não se deveria permitir sua apropriação por empresas
privadas, tal a magnitude do cargo, e tamanha a grandiosidade de seus poderes e
de sua representatividade. No entanto, regras balizam o jogo e árbitros
existem, na separação de poderes, para avaliar os conteúdos dessas regras. Os
magistrados julgam o que é permitido ou proibido num Estado Democrático de
Direito. E as pessoas são livres para desempenhar atividades que não lhes sejam
vedadas, sobretudo no setor privado.
A definição quanto às vedações de conflito de interesses
aos agentes públicos que exerceram funções na Presidência da República está no
Decreto nº 4.801/02, hoje contemplada na Lei de Conflito de Interesses
(12.813/13). Dessa forma, não só a lei é aplicável a quem tenha exercido as
funções de presidente, mas também é eficaz, em razão da regulamentação
preexistente, naquilo em que não revogou. De acordo com esta lei, considera-se
conflito de interesse a situação gerada pelo confronto entre interesses
públicos e privados, que possa comprometer a coletividade ou influenciar, de
maneira imprópria, o desempenho da função pública.
A influência de um personagem do porte de um
ex-presidente pode ser devastadora, quando exercida negativamente. Reputa-se
informação privilegiada a que diz respeito a assuntos sigilosos ou relevantes
ao processo de decisão no âmbito do Poder Executivo federal, que tenha
repercussão econômica ou financeira e que não seja de amplo conhecimento
público. Aquele que ocupou o mais alto cargo no Poder Executivo federal deve
agir de modo a prevenir ou a impedir possível conflito de interesses e
resguardar informação privilegiada. No caso de dúvida sobre como prevenir ou
impedir situações que configurem conflito de interesses, pode-se consultar a
Comissão de Ética Pública, criada no âmbito do Poder Executivo federal, ou
recorrer à Controladoria-Geral da União.
Exige-se, pois, uma probidade pós-mandato, uma espécie de
observância de deveres relacionados à moralidade administrativa dos
ex-ocupantes do mais alto posto da nação, coibindo-se atividades espúrias,
relacionamentos indevidos e fundamentalmente o uso de informações privilegiadas
obtidas em razão do exercício das funções. A informação privilegiada está no
centro do enriquecimento ilícito contemporâneo e, principalmente, na raiz de
verdadeiros impérios constituídos via “consultorias” etéreas, desprovidas de suporte
fático ou base empírica, e alicerçadas apenas na posição política do prestador
dos serviços.
Configura, pois, conflito de interesses, após o exercício
de cargo ou emprego no âmbito do Poder Executivo federal, a qualquer tempo, a
conduta de divulgar ou fazer uso de informação privilegiada obtida em razão das
atividades exercidas. Há uma obrigação de sigilo perpétuo das informações
privilegiadas por parte daqueles que ocuparam o cargo de presidente da
República do Brasil. Salienta-se que conflitos de interesses, quando
comprovados, suscitam reações legítimas da sociedade e das instituições
fiscalizadoras, notadamente no manejo de regras e princípios de Direito Público
Punitivo.
Fábio Medina Osório é presidente do Instituto
Internacional de Estudos de Direito do Estado
6 comentários:
Conversa fiada e perda de tempo em um pais "chinelo" como o nosso, esperar o que ? Ética e moral somente daqui a 150 anos, e olha lá.
FICO PASMO QUE AINDA TEM GENTE E PAGAM BEM,PARA OUVIR O LULA,UM CARA DESPREPARADO EM TODOS OS SENTIDOS.A POBREZA MENTAL QUE ATINGE A SOCIEDADE BRASILEIRA É DE DAR DÓ...O QUE UM CARA COMO UM LULA,QUE FAZ PALESTRAS PODE DIZER AS PESSOAS?VAI FALAR QUANDO ERA METALÚRGICO?O RUIM NÃO É ELE,É QUEM OUVE ELE.
CREIO ESTE ASSUNTO DEVE SER TRATADO BEM MAIS PARA A FRETE.
AGORA SERIA UMA FACA DE 2 FIOS, EXTREMAMENTE AFIADOS.
POIS É JUSTAMENTE ISSO QUE PT QUE DISCUTIR, PARA SAFAR O MOLUSCO.
E tem limite para um ex-Promotor que agora é advogado? ética?
O ex-presidente Lula além de informações privilegiadas, tem gente de
sua confiança exercendo cargos estratégicos.
O maior deles é da atual presidente, simples estafeta de Lula.
Afora ministérios, as estatais e os bancos públicos possibilitam fazer
negócios bilionários com o governo.
O limite para o ex-presidente Lula é a cela de uma penitenciária.
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