Ao lado, Tiradentes, herói brasileiro que o País homenageia hoje, mas cuja trajetória não é lembrada por um só jornal, rádio, TV, escola ou governo - exceção ao de Minas. CLIQUE AQUI para saber quem foi Tiradentes e que papel ele jogou na Inconfidência, sua morte e esquartejamento pelo autoritarismo opressor e colonialista português.
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) será o orador oficial da
cerimônia da Medalha da Inconfidência, nesta segunda-feira, em Ouro Preto (MG),
que registrará o ponto mais alto das homenagens brasileiras de hoje ao mártir
da Independência do Brasil, Tirandn tes. Ele usará a data para defender
mudanças na condução do país. É o que ele expõe em artigo publicado nesta
segunda-feira. Leia abaixo, conforme publicação integral:
Clamor
Minas se reúne hoje, nas celebrações da Inconfidência
Mineira, para também homenagear a página mais importante da nossa história
contemporânea: os 30 anos da Campanha das Diretas, que nos legou o resgate da
democracia e o retorno ao regime pleno do Estado de Direito.
Nos últimos dez anos, a solenidade tem sido marcada pela
defesa de um novo pacto federativo que signifique maior responsabilidade e
solidariedade da União para com os Estados e municípios.
Como acontece todos os anos, revisitamos os valores e
princípios do 21 de Abril e outros trechos de história para refletir sobre os
grandes desafios do Brasil do nosso tempo, que deveriam pontuar acima dos
interesses políticos, pessoais e partidários. É uma pena constatar como
desapareceu o espaço para a convergência nacional, apesar de hoje não nos
faltarem causas legítimas capazes de mobilizar a solidariedade política e a
ação compartilhada dos brasileiros. Pelo contrário: para onde quer que se olhe,
as demandas se avolumam e continua havendo quase tudo por se fazer.
É difícil saber, por exemplo, qual é a crise mais séria,
a prioridade mais aguda, se na segurança ou na saúde. Ambas estão no mesmo
patamar das graves emergências nacionais e têm como consequência a perda de
vidas de brasileiros, seja pela omissão ou pela incapacidade do Estado de
prover serviços necessários. Omissão e incapacidade que se refletem na ausência
de serviços de saúde e nos 50 mil assassinatos contados por ano no país.
Mais inaceitável ainda é a desmobilização do Estado
nacional para o enfrentamento de problemas tão graves e gigantescos. Eles só
ganham algum destaque na agenda oficial quando a mídia torna intoleráveis os
desacertos ou os escândalos, mazelas que caminham juntas no regime do compadrio
e da má gestão.
Parece inacreditável que, entre 2002 e 2011, segundo
fontes oficiais, o governo federal tenha perdido R$ 6,9 bilhões para a
corrupção. Um dado muito menor que as projeções realizadas por outras
instituições, mas que não deixa de impressionar. Na saúde foram R$ 2,3 bilhões
neste período, cerca de 30% do total de recursos federais desviados.
Na segurança os números também chamam a atenção: segundo
o Contas Abertas, entre 2011 e 2012, R$ 3,3 bilhões deixaram de ser investidos
na área. Entre 2003 e 2012, foram R$ 7,5 bilhões. No ano passado, dos R$ 2,2
bilhões orçados, apenas cerca de 30% foram efetivamente investidos.
No 21 de abril, celebra-se, mais que uma data, a
permanência de valores que inspiram uma nação. Entre eles, o respeito às
liberdades e à legítima capacidade de indignação de um povo.
Impossível, no dia de hoje, não reconhecer como o clamor
dos brasileiros por um país mais justo permanece atual.