Grupos estrangeiros usarão dólar mais forte para comprar empresas no Brasil

A compra, em março desse ano, da Faculdade da Serra Gaúcha, instituição de ensino superior de Caxias do Sul, Serra Gaúcha, pelo Advent Internacional, fundo norte-americano de investimentos, evidencia que investidores estrangeiros estão olhando com lupa para as empresas brasileiras.

O movimento não é novo nem recente e não faltavam boas oportunidades no Brasil. Mas, há alguns meses, as empresas daqui estavam caras. A desvalorização do real frente ao dólar, o aumento da taxa de juros e risco sistêmico (econômico e político) fez aumentar a taxa de desconto no valor das empresas.

Segundo avisou ao editor Marcelo Ferzola da MFF Consultoria – especializada na área financeira, controladoria, fusões e aquisições – a soma desses fatores fez aumentar o interesse estrangeiro por empresas do Brasil. Aliado a isso, explica, empresas nacionais estão em meio a uma crise, com endividamentos crescente e sem perspectivas de melhora no curto prazo, deixando tais companhias mais interessadas a participarem de processos de fusões e aquisições.

Eis o que ele explica:

- Nos últimos 12 meses, o real perdeu quase 50% do valor em relação ao dólar. O valor das companhias de capital aberto listadas na Bovespa, em dólar, caiu cerca de 30% desde junho de 2014. A Bovespa caiu nos últimos 12 meses 15%", esse movimento faz despertar o interesse de fundos e grupos estrangeiros por empresas no Brasil.

Isso vale também para as estatais gaúchas que o governo do Estado do Rio Grande do Sul pretende privatizar. Incluídas pelo governador José Ivo Sartori em um pacote de iniciativas projetadas para diminuir despesas e elevar receitas, as privatizações de instituições públicas, em análise no núcleo do Piratini, podem ter seu valor de mercado ainda mais depreciado.

De acordo com Ferzola, o processo de aquisição de ativos depreciados e empresas deficitárias respeita uma análise profunda em diversos fatores. A compradora, alerta o especialista, busca entender os reais motivos que levaram a empresa a ser ofertada, se há brigas internas e disputas societárias. É preciso verificar ainda se a estrutura de custo da empresa se está inchada, se há investimentos mal alocados, desvios de recursos, excesso de turnover de funcionários e produtos ou serviços ultrapassados e se há de fato sinergia na compra da mesma e finalmente interesse estratégico na compra.

O diretor da MFF Consultoria destaca ainda que processos de fusões e aquisições dependem ainda de processos de auditoria “due diligence”, que busca apurar se o cenário econômico-financeiro e contábil-jurídico da empresa a ser comprada fecha com a realidade informada pelo vendedor.


"Apurar as dívidas, passivos ocultos, contingências, riscos ambientais e regulatórios devem ser feitos nessa fase do processo, com clareza e transparência, pois surpresas que surgem podem impactar no preço e colocar o negócio a perder", destaca Ferzola.

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