Empreiteiras avaliam rescindir contratos de obras rodoviárias federais no RS e no Brasil

Na reportagem a seguir de Daniel Ritter e Murillo Camarotto, jornal Valor, fidca claro que o cenário não vai melhorar. O Dnit está com orçamento 40% menor, que significa problemas grossos para este ano.No Rio Grande do Sul, a paralisia tomou conta da duplicação de vários trechos da BR-116 (entre Guaíba e Pelotas) e da BR-290, as duas principais obras logísticas no Estado. "O melhor seria interromper tudo e acertar o que está atrasado", diz o presidente do Sicepot, Nelson Sperb. Segundo ele, houve mais de 8 mil demissões de novembro para cá no setor. "Estamos trabalhando com cerca de 30% do efetivo que havia nos momentos de pico."

Leia a reportagem do jornal: 

Diante da paralisia dos investimentos públicos, empreiteiras de médio e pequeno portes cogitam rescindir contratos com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), que acumula atrasos de quase R$ 2 bilhões no pagamento de obras já executadas. Na sexta-feira, as construtoras receberam pelos serviços realizados em fevereiro. Em condições normais, a fatura teria sido quitada pela autarquia em março - ou seja, existe atraso de quatro meses.

A crise no setor já afeta o mercado de trabalho e a cadeia de fornecedores. O consumo de asfalto em todo o país, de janeiro a maio, diminuiu 39% na comparação com igual período do ano passado. As vendas do insumo caíram de 1,24 milhão para 751 mil toneladas, segundo a Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Asfaltos (Abeda). Além da União, Estados e municípios também reduziram o consumo, observa a entidade.

Apesar das queixas, o Dnit afirma que "os pagamentos estão sendo feitos de acordo com a cronologia das medições" e que "as obras estão em andamento". Para as construtoras, não é bem assim. O Sicepot, sindicato que representa a indústria gaúcha da construção, calcula em R$ 150 milhões os atrasos da autarquia somente para as obras tocadas no Rio Grande do Sul. Fontes do governo e do setor privado comentam que a ordem geral tem sido priorizar as obras mais básicas, como tapa-buracos e conservação das estradas, deixando de lado o início ou a continuidade de intervenções mais complexas.

O Valor apurou que a equipe econômica definiu, nos últimos dias, o limite de recursos para o Dnit após o decreto de contingenciamento. A autarquia ficará com R$ 7,5 bilhões disponíveis para 2015 - montante quase 40% inferior ao orçamento executado no ano passado e valor mais baixo desde o início do governo Dilma Rousseff. De acordo com assessores presidenciais, o cronograma de desembolsos continuará atrasado e a dívida do órgão com as empreiteiras seguirá trajetória crescente nos próximos meses, devendo atingir algo em torno de R$ 2,3 bilhões em dezembro. Reservadamente, o governo admite que pode haver "quebradeira" de empresas menos capitalizadas.

Na Bahia, a duplicação da BR-101 e a construção da BR-135 são exemplos de frentes de trabalho praticamente congeladas. "Estão priorizando serviços de restauração e recapeamento", diz o presidente da Associação Baiana das Empresas de Obras Rodoviárias (Abeor), Ronald Velame. Para ele, o freio imposto pelo governo tem sido punitivo para as construtoras, já que houve grandes licitações nos últimos anos e o ajuste ocorre na boca do caixa. "Uma coisa é dilatar o prazo dos investimentos e não criar expectativas no mercado. Outra é fazer o ajuste em cima da liberação financeira e tirar completamente a previsibilidade das empresas."

Outras obras que sobressaíam no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) também foram severamente atingidas. É o caso da BR-163, no Mato Grosso, no trecho duplicado pelo Dnit. Com os atrasos nos pagamentos, canteiros abertos às margens da rodovia estão semiabandonados, como constatou a reportagem do Valor em junho;

Sem solução à vista, as empreiteiras passaram a avaliar de forma mais concreta a hipótese de pedir rescisão unilateral dos contratos com o Dnit. Elas se baseiam em um artigo da Lei de Licitações (8.666/93) que permite essa possibilidade quando o órgão público responsável pelas contratações ficar mais de 90 dias inadimplente com os repasses. "Está todo mundo pensando nisso", afirma o empresário gaúcho.

O artigo 78 da lei elenca, entre os motivos para rescisão sem nenhum tipo de penalidade, o atraso superior a 90 dias dos pagamentos, "salvo em caso de calamidade pública, grave perturbação da ordem interna ou guerra" - situações obviamente fora de cogitação.

Nos bastidores, o governo reconhece que esse pode ser o desfecho de vários contratos, mas minimiza a gravidade do problema. "Se optarem pela rescisão, nosso esforço será de relicitar e retomar as obras o quanto antes", disse uma autoridade.

Reservadamente, o governo admite que pode haver "quebradeira" de empresas menos capitalizadas.
O editor já informou neste espaço que o Dnit deve muito dinheiro para as construtoras, valor que só para as empresas gaúchas chega a R$ 130 milhões.

Na Bahia, a duplicação da BR-101 e a construção da BR-135 são exemplos de frentes de trabalho praticamente congeladas. "Estão priorizando serviços de restauração e recapeamento", diz o presidente da Associação Baiana das Empresas de Obras Rodoviárias (Abeor), Ronald Velame. Para ele, o freio imposto pelo governo tem sido punitivo para as construtoras, já que houve grandes licitações nos últimos anos e o ajuste ocorre na boca do caixa. "Uma coisa é dilatar o prazo dos investimentos e não criar expectativas no mercado. Outra é fazer o ajuste em cima da liberação financeira e tirar completamente a previsibilidade das empresas."

Outras obras que sobressaíam no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) também foram severamente atingidas. É o caso da BR-163, no Mato Grosso, no trecho duplicado pelo Dnit. Com os atrasos nos pagamentos, canteiros abertos às margens da rodovia estão semiabandonados, como constatou a reportagem do Valor em junho.

No Rio Grande do Sul, a paralisia tomou conta da duplicação de vários trechos da BR-116 (entre Guaíba e Pelotas) e da BR-290, as duas principais obras logísticas no Estado. "O melhor seria interromper tudo e acertar o que está atrasado", diz o presidente do Sicepot, Nelson Sperb. Segundo ele, houve mais de 8 mil demissões de novembro para cá no setor. "Estamos trabalhando com cerca de 30% do efetivo que havia nos momentos de pico."

Sem solução à vista, as empreiteiras passaram a avaliar de forma mais concreta a hipótese de pedir rescisão unilateral dos contratos com o Dnit. Elas se baseiam em um artigo da Lei de Licitações (8.666/93) que permite essa possibilidade quando o órgão público responsável pelas contratações ficar mais de 90 dias inadimplente com os repasses. "Está todo mundo pensando nisso", afirma o empresário gaúcho.

O artigo 78 da lei elenca, entre os motivos para rescisão sem nenhum tipo de penalidade, o atraso superior a 90 dias dos pagamentos, "salvo em caso de calamidade pública, grave perturbação da ordem interna ou guerra" - situações obviamente fora de cogitação.


Nos bastidores, o governo reconhece que esse pode ser o desfecho de vários contratos, mas minimiza a gravidade do problema. "Se optarem pela rescisão, nosso esforço será de relicitar e retomar as obras o quanto antes", disse uma autoridade.

5 comentários:

Anônimo disse...

Aqualito e Pingo de Cristal
-"o governo admite que pode haver "quebradeira" de empresas menos capitalizadas" -

Ora, mas se as empreiteiras estão quase fechando as portas pela paralisação das obras, então como que elas irão se capitalizar? Investindo (ou jogando e apostando?) na bolsa de valores,que é a mesma coisa que jogar roleta num cassino? As cartas estão na mesa, não vê quem não quer!

Anônimo disse...

GOVERNO ESTA ESTRANGULANDO PAGAMENTO PARA AS EMPREITEIRAS POR QUERER, QUER FAZER TRANSPARECER QUE O PROBLEMA É A LAVA-JATO.

Anônimo disse...

A nova ponte do Guaiba agora que não sai nem a pau!

Anônimo disse...

Também concordo com o pensamento do anônimo das 18:18.

AFINAL, o Brasil é governado pelas empreiteiras ou são estas simples prestadoras de serviço? Querem mostrar as duas coisas e FAZER CHANTAGEM!

SOLUÇÃO fácil para Dilma, buscar EMPREITEIRAS CUBANAS e VENEZUELANAS (ops!não será as mesmas?)

Anônimo disse...

Isso é o que dá, um país patrocinar 2(dois) eventos mundiais, copa do mundo e olimpíada, o dinheiro tem que sair de algum lugar prá pagar essas festas.
- Aí falta dinheiro prá educação, prá saúde, prá infraestrutura, etc, etc... MAS para a festa das olimpíadas, isso não falta.
- NENHUM CANAL DE TV, TOCA NO ASSUNTO DAS DESPESAS COM A COPA E COM AS OLIMPÍADAS. Só mostram os problemas e as roubalheiras descaradas desse governo.
- Olimpíada e copa do mundo, são eventos CARÍSSIMOS, só bancados por quem tem BALA NA AGULHA.

https://api.clevernt.com/e46a5348-350f-11ee-9cb4-cabfa2a5a2de/https://api.clevernt.com/e46a5348-350f-11ee-9cb4-cabfa2a5a2de/