O fato de os números anteriores a 2003 não serem considerados pelo ministério é parte de uma "maquiagem pré-eleitoral".
Os jornais Zero Hora e Correio do Povo de hoje tentaram
tirar a limpo a discrepância entre os números de leitos existentes no Estado,
porque Sindicato Médico, Simers, e governos federal e estadual trabalham com
informações totalmente diferentes.
. "O RS perdeu 11 mil leitos nos últimos 20
anos", anuncia o Simers em propaganda nas rádios.
. "O número de leitos cresceu nos últimos três
anos", diz o governo estadual.
. Também os dois jornais divergem:
Zero hora, em título: " Quantidade de leitos do SUS
se estabilizou desde 2005 no Rio Grande do Sul".
Correio do Povo, também em título: "RS é campeão em
leitos hospitalares".
. A questão central que governos federal e estadual, ZH e
CP não atacam, é o vetor da propaganda do Simers, que não é contestada e quando
isto ocorre, a defesa é feita de maneira apenas esperta, já que o governo estadual monta equações com períodos e números já refugados pelo próprio ministério da Saúde.
. ZH ouviu todos os lados, mas CP só registrou a versão do governo estadual.
. O presidente do Simers, Paulo Argollo Mendes, avisa ao
distinto público o que está por trás do discurso oficial do governo do Esado:
- O fato de os números anteriores a 2003 não serem
considerados pelo ministério é parte de uma "maquiagem
pré-eleitoral".
. Leia a reportagem de Zero Hora, que é mais completa e
mais perto da verdade:
Uma campanha recém-lançada pelo Sindicato Médico do
Estado (Simers) suscitou debate sobre a gestão da saúde. Nos últimos 20 anos,
segundo a entidade, o SUS teria perdido 11 mil vagas no Rio Grande do Sul. O
número total de leitos é baseado em dados do Ministério da Saúde e inclui os
complementares – de UTI, de isolamento e cuidados intermediários. O problema é
que, segundo a assessoria de imprensa do ministério, os dados anteriores a 2004
computam leitos que sequer existiam ou que eram contabilizados duas vezes. Embora sem grande discrepância, os dados referentes ao
período de 2005 a 2014 fornecidos a ZH pelo ministério, pela Secretaria
Estadual de Saúde (SES) e pelo Simers também divergem. A SES destaca que o número de leitos do SUS cresceu nos
últimos três anos, mas a secretária Sandra Fagundes admite que, entre 1993 e
2003, havia leitos só no papel no Estado. Presidente do Simers, Paulo de
Argollo Mendes diz que o fato de os números anteriores a 2003 não serem
considerados pelo ministério é parte de uma "maquiagem
pré-eleitoral".
— O ministério divulgou isso durante 20 anos e, neste
período, eram informações corretas. Nunca ninguém disse que não eram. Agora,
vem essa maquiagem. O ministério tenta se desdizer. Como vamos acreditar se
mesmo diz que a versão anterior era equivocada? — questiona.
. Argollo observa que, para um atendimento satisfatório,
seria necessário "dobrar o número de leitos". O presidente do
Conselho Regional de Medicina do Estado (Cremers), Fernando Weber Matos, diz
haver déficit de 10 a 12 mil leitos no Rio Grande do Sul:
— Por isso, estamos com hospitais superlotados e
pacientes nos corredores esperando tratamento.
CLIQUE AQUI para ler toda a reportagem de Zero Hora, inclusive tabelas explicativas.