OPINIÃO DO LEITOR
A tudo o que Leandro Narloch está dizendo, eu acrescentaria: não é só
um delírio do MEC, é uma esquizofrenia cultural que cortará a a memória de
cadeias culturais (cadeias longas de cultura - autor Norbert Elias) por uma ou
duas gerações, se isto for implantado. A geração de ensino médio do Brasil
mergulhará nas trevas sem conhecer a renascença européia, o motivo da expedição
ao Brasil, e a toda a America Espanhola, o mercantilismo europeu e a primeira e
segunda globalizações. Toda a história de longa duração não será conhecida no
Brasil, será censurada (Fernand Braudel et alli.) Enfim, isto só pode existir
na cabeça de analfabetos culturais e débeis mentais neuronais, com problemas
sérios de transmissão de sinapses nervosas.Precisam urgentemente visitar um
neurocientista. Roberto Rosen, Brasília.
Leia o artigo de Veja:
O delírio politicamente correto do Ministério da
EducaçãoÉ um desatino a proposta do MEC de obrigar os brasileiros a estudar a
história de seus ancestrais genéticos, e não de seus ascendentes culturais
Minha origem é quase toda polonesa. Novacoski, Bonaroski,
Riegel e Narloch: eis os sobrenomes dos meus avós. Apesar dessa origem, não
ligo a mínima para a cultura da Polônia. Às vezes até provo um pierogui na
ferinha do Largo da Ordem, em Curitiba, mas prefiro mesmo um belo pinhão com
quentão. Só me interesso pela história da Polônia quando ela toca a história
universal – Copérnico, Segunda Guerra, invasão soviética, massacre de Katyn,
Primavera de Praga.
Não vejo nenhum problema em ignorar minhas raízes
polonesas. Quem precisa de raiz é árvore. Além disso é pouco relevante o legado
da Polônia ao ambiente de ideias que eu respiro. A genética pode me ligar ao
leste europeu, mas culturalmente tenho muito pouco dessa região.
Muitos brasileiros descendentes de africanos ou de índios
agem como eu. Ignoram a cultura dos seus bisavós – e não veem problema nisso.
Gostam de músicas e filmes americanos, leem histórias fantásticas de cavaleiros
medievais europeus, viajam para conhecer museus com obras renascentistas.
Defendem ideias políticas propagadas por filósofos ingleses ou revolucionários
franceses.
Deveríamos, eu e meus conterrâneos negros e índios, ser
obrigados a estudar mais a história e a cultura dos nossos ascendentes
genéticos que a história dos nossos ancestrais culturais?
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