A foto ao lado é de Maia Rubim, também do Sul21.
Nesta reportagem de Marco Weissheimer para o site Sul21, alinhado com o PT, quem fala é Isaac Ortiz, um dos mais influentes líderes dos policiais civis do RS. A reportagem leva o seguinte título: "Para nós, cargo de secretário de Segurança está vago.
Schirmer é um irresponsável’
Leia dois trechos a seguir (ao final, no link, acompanhe toda a entrevista):
A mobilização que
reuniu, na última semana, milhares de servidores públicos na Praça da Matriz
contra o pacote enviado pelo governo José Ivo Sartori (PMDB) à Assembleia
Legislativa foi marcada, entre outras coisas, pelo confronto entre diferentes
categorias de servidores da área da Segurança Pública. De um lado, servidores
da Polícia Civil e da Susepe, ao lado de outras categorias do funcionalismo
público; do outro, o Batalhão de Choque da Brigada Militar que cercou a
Assembleia impedindo a entrada dos servidores e do público em geral para
acompanhar a votação do pacote. Em vários momentos, a Praça da Matriz virou uma
área de guerra e esteve perto de ser palco de uma tragéd
(...)
Sul21: Durante a mobilização na praça, a relação
entre os servidores da Polícia Civil e da Susepe com os da Brigada Militar foi
marcada por muita tensão e momentos de confronto. Como foi essa situação?
Isaac Ortiz: Foi uma coisa bem contraditória. De um lado,
estávamos nós, policiais civis, os servidores da Susepe e também alguns
policiais militares defendendo o fim do parcelamento dos nossos salários, a
manutenção dos reajustes, contra a PEC que extinguia o artigo 35 da
Constituição, desobrigando o governo a ter uma data determinada para o
pagamento dos salários e do décimo terceiro. Tudo isso valia para nós e para o
pessoal da Brigada Militar que estava do outro lado. Assim como nós, eles
também têm contas para pagar. Não é porque eles estavam fardados e armados do
outro lado que a vida deles é diferente. Terminou aqui ali, voltam para casa,
pegam ônibus ou seu carro, tem que ir ao supermercado. E estavam lá naquela
fúria. Parecia até que era algo prazeroso.
A gente até tem uma ideia de como é o treinamento deles,
mas isso não livra ninguém de pensar. Não pode ser só soldado, sem pensar.
Parecia que muitos ali não estavam pensando no amanhã, no futuro dos próprios
filhos. Estávamos brigando por esse futuro, tomando tiros de bala de borracha e
bombas de gás.