Daqui a alguns minutos, começa na Praça Daltro Filho, Centro Histórico de Porto Alegre, um ato contra a prefeitura que deseja transferir a operacionalização do espaço a um parceiro privado.
O centro cultural, localizado no prédio que abrigou durante décadas o tradicional cinema que levava o mesmo nome, esteve fechado e reabriu, mas ainda enfrenta dificuldade para se manter como opção viável no cenário cultural da cidade.
O que está em jogo no projeto de terceirização da Cinemateca Capitólio é a proposta para contratualizar a gestão do equipamento com a iniciativa privada, como já acontece em outros espaços tradicionais da cidade, o Auditório Araújo Viana um exemplo notório e bem-sucedido.
De uma lado a prefeitura, no outro o pessoal do meio audiovisual gaúcho, artistas, cineastas e produtores, trabalhadores da indústria do setor que, em todo o país, apesar de objeto de críticas e desconfiança permanentes, gera empregos e renda, porque também trabalham com comerciais de tevê e produções para a iniciativa privada, vídeos institucionais para grandes empresas.
A classe artística nacional, e do cinema particularmente, tem sido avaliada de forma tensa e ranzinza, generalizada, como se todos fossem agentes comunistas infiltrados, prontos para dar o bote. Absurdo pensar dessa forma, porque também existem diretores a atores de direita, músicos e até escritores, Regina Duarte e seus apoiadores declarados comprovam. Até o Nelson Rodrigues, coitado, reconhecidamente de direita a vida inteira, apesar do filho preso no governo militar, vem sendo confundido porque esteve incluído no recente e polêmico index proibitório de livros em Rondônia.
Por esse tipo de equívoco, pensamento sem amplitude, o Brasil viveu as eras Lula e Dilma. Muita calma nessa hora.