Dilma Rousseff chamou a Brasília nesta quarta-feira
governadores e prefeitos de cidades com mais de 250 mil habitantes. Anunciou,
repare no vídeo, a liberação de R$ 33 bilhões para projetos de saneamento,
mobilidade urbana e pavimentação. Em meio à pompa, tropeçou nas circunstâncias.A presidente aproveitou a solenidade oficial para rebater críticas
do antagonista tucano Aécio Neves. Ele a aconselhara a “descer do palanque”
para governar. E ironizara o que chamou de eliminação da pobreza extrema “por
decreto”. Assediada pelo Tinhoso, Dilma fez do púlpito do Planalto um caixote.
. “Todo mundo acha que o Bolsa Família a gente faz na
canetada. O Bolsa Família precisou de arte e de engenho, precisou de vontade
política. Isso não é milagre, não é malabarismo”, afirmou. Na plateia, três
governadores tucanos: o paulista Geraldo Alckmin, o goiano Marconi Perillo e,
suprema ironia, o mineiro Antonio Anastasia.Dilma disse que seu governo tirou, sim, 22 milhões de
pessoas da condição de pobreza extrema. Algo que só foi possível, segundo ela,
porque Lula iniciou o trabalho. De novo, a insinuação de que o
petismo não recebeu nada de herança, começou tudo do zero. Asmodeu parecia
ditar as palavras da presidente.
. “O presidente Lula deu a grande contribuição de mostrar
que o Brasil podia distribuir renda e reduzir a desigualdade. Essa é uma prova
histórica. Só porque ele fez isso, nós pudemos acabar com a pobreza extrema do
cadastro do Bolsa Família. Só uma experiência de dez anos permitiu que nós
olhássemos e víssemos que dava para tirar.”
. O contrário do antitucanismo primário é um pró-petismo
inocente, que aceita todas as presunções do PT a seu próprio respeito. Em
matéria de política social, isso inclui concordar com a tese segunda a qual as
presidências de Lula e Dilma têm uma missão no mundo, de inspiração divina e,
portanto, indiscutível.
O problema é que o mito da excepcionalidade moral não
resiste a um rápido passeio pela história recente. O Bolsa Família foi
instituído pela lei 10.836, sancionada por Lula em janeiro de 2004. A peça pode
ser lida aqui. Traz no ‘parágrafo único’ do artigo 1o as digitais de
FHC. O programa “tem por finalidade a unificação dos procedimentos de gestão e
execução das ações de transferência de renda do governo federal”, anota a lei.
. Em seguida, o texto passa a empilhar as ações que seriam
unificadas: Bolsa Escola, Bolsa Alimentação, Auxílio-Gás… Coisas criadas sob
FHC. A clientela desses programas seria reunida no ‘Cadastramento Único do
Governo Federal’, instituído por decreto no ano de 2011, também sob FHC.
Ou seja, falta à indústria da informação e do
diversionismo do governo e do PT uma pitada de humildade. Coisa de criança,
diria FHC.
CLIQUE AQUI para ler mais. No link, você poderá examinar o video com a fala de Dilma, além da legislação que comprova que os programas sociais tiveram origem no governo FHC.