Com investigação na Braskem, temor é que novos
empreendimentos sejam freados até que situação fique esclarecida. O caso mais dramático é o da polonesa Synthos. A própria Braskm enfrentas cenário dificulta negociação com Petrobras para
fornecimento de nafta.
A reportagem a seguir é do repórter Jefferson Klein, Jornal do Comércio, Porto Alegre:
Os impactos da operação Lava Jato sobre a Braskem podem
repercutir em todo o setor petroquímico nacional e em projetos a serem
desenvolvidos no Polo de Triunfo, entre os quais o da polonesa Synthos. Na
sexta-feira, a Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão na sede da
Braskem. O doleiro Alberto Youssef afirmou, em delação premiada, que
Alexandrino de Salles Ramos de Alencar, diretor da Odebrecht (controladora da
Braskem), teria negociado o pagamento de propina da Odebrecht/Braskem com ele e
o então diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.
O executivo teria acertado o pagamento de US$ 5 milhões
ao ano para Youssef e Costa em troca de a Petrobras vender para a Braskem uma
cesta de serviços inferior ao valor praticado pela estatal. Da propina, 30%
iria para Paulo Roberto e 70% para o Partido Progressistas (PP). O pagamento
seria feito no exterior e intermediado pelo diretor financeiro da Odebrecht,
Cesar Ramos Rocha, conhecido pela alcunha de "Naruto".
Reforçou os indícios de esquema e-mail apreendido pela PF
na Odebrecht na sétima fase da Lava Jato enviado por Roberto Prisco Ramos, da
Braskem, para o presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e outros executivos
da empresa. Na mensagem, se faz referência a colocação de um sobrepreço da
ordem de US$ 20 mil a US$ 25 mil por dia em contrato de operação de sondas.
Alexandrino de Alencar e Cesar Rocha foram presos na sexta-feira.
A preocupação do setor petroquímico, em particular no Rio
Grande do Sul, é que esse cenário atrapalhe um acerto entre Petrobras e Braskem
quanto ao fornecimento de nafta (principal matéria-prima do segmento). Por
enquanto, as empresas trabalham em cima de um aditivo que vigora até agosto. Se
as companhias não chegarem a um contrato de longo prazo, criará um clima de
insegurança para que outros empreendimentos, que adquirem insumos da Braskem,
instalem-se no Brasil.
"A Lava Jato precisa realizar as suas investigações,
mas não se pode inviabilizar a indústria petroquímica nacional", defende o
secretário estadual de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia, Fábio Branco. O
dirigente compara o reflexo da investigação envolvendo a Braskem ao que ocorreu
com o polo naval. Branco admite que a situação preocupa e complica as
negociações, contudo ainda espera que Braskem e Petrobras fechem um acerto
duradouro quanto à nafta. O secretário ressalta que, mais do que uma questão
econômica e técnica, se trata de uma política do governo federal quanto à uma
área fundamental para a economia brasileira.
Branco adverte que, se não houver uma definição entre
Braskem e Petrobras, o Rio Grande do Sul pode ter investimentos abalados, como
é o caso da iniciativa da Synthos. A companhia polonesa planeja construir um
complexo de produção de borracha sintética, com capacidade para 80 mil a 90 mil
toneladas ao ano, no Polo de Triunfo. O aporte na ação é estimado em cerca de
R$ 640 milhões. Porém, para a empresa desencadear o empreendimento, terá que
consumir a matéria-prima butadieno, da Braskem, que, por sua vez, é fabricada a
partir da nafta da Petrobras. A expectativa inicial era que a Synthos começasse
as obras em abril, mas isso não se confirmou. Atualmente, a empresa não está se
manifestando sobre o assunto.
Uma fonte que acompanha a situação considera que o
problema concentra-se mais na Petrobras do que na Braskem. "A questão é
como fazer a Petrobras, que detém o monopólio do fornecimento de nafta no
Brasil (sem contar importações), se mexer", indaga. A fonte argumenta que,
se a estatal tiver receio de tomar decisões devido ao atual momento e
repercussões políticas, o ideal seria promover uma abertura de mercado e atrair
novos investidores para o setor. Particularmente, sobre o projeto da Synthos, a
fonte sentencia: "se eu fosse a empresa, sem um contrato de nafta e de
abastecimento de matéria-prima garantido, eu não investiria".
Em nota, a Braskem confirmou que a Polícia Federal estava
cumprindo mandado de busca e apreensão em seu escritório em São Paulo no âmbito
da Operação Lava Jato. Em relação ao e-mail divulgado pela imprensa, a Braskem
argumentou que: "todo o conteúdo da mensagem, incluindo a operação de
sondas, não tem relação com qualquer atividade da Braskem. O autor do e-mail
trabalhou na Braskem até dezembro de 2010 e, na data da referida mensagem, já
havia sido transferido para outra empresa da organização Odebrecht. A Braskem
segue empenhada na elucidação dos fatos e à disposição das autoridades
competentes para colaborar com as investigações".
Simplast discute, amanhã, gestão para indústrias de
plástico em fórum de indicadores setoriais
Com a missão de atrair mais empresas para o Sistema Sinplast
de Indicadores Setoriais (SIS), acontece amanhã o 1º Fórum Sinplast de
Indicadores. O encontro terá como palestrante Albano Mayer, que atua há 18 anos
na área de consultoria de gestão organizacional.
O SIS foi lançado há cerca de um ano, como parte das
inciativas do Centro Sinplast de Inovação e Governança (CSIG) de incentivar as
companhias do setor a investirem em gestão. A ferramenta on-line é alimentada
mensalmente pelas empresas, que fornecem seus índices sempre relativos ao mês
anterior. Feito isso, passam a receber os indicadores calculados, assim como as
médias do setor, possibilitando um referencial comparativo.
São dados como percentual do faturamento comprometido com
a folha de pagamento e capacidade instalada. "Essa ferramenta possibilita
que as empresas possam comparar a sua realidade com a de outros players do
setor e verificar em que situação estão", comenta o coordenador do CSIG,
Roberto Roedel.
Entre os dados já disponíveis está o de que a capacidade
instalada destas indústrias foi de 55% no período de janeiro a abril deste ano.
Isso significa 45% de ociosidades nos players gaúchos deste setor. O acesso à
ferramenta é gratuito para as indústrias associadas ao Sindicato das Indústrias
de Material Plástico no Estado do Rio Grande do Sul (Sinplast).
Atualmente, são 40 empresas cadastradas na plataforma, em
um universo de mais de 800 indústrias do setor plástico gaúcho. "Depois de
um período de ajustes no sistema e testes, a meta é aumentar a divulgação desta
iniciativa e chegar, até o final de 2015, com 80 companhias dentro da
plataforma", projeta Roedel.
Além de apresentar o SIS a mais indústrias, o 1º Fórum de
Indicadores Setoriais será uma oportunidade de troca de experiências entre os
usuários do sistema e de feedbacks quanto a possíveis melhorias, tanto na parte
operacional como dos próprios indicadores. A Zandei Plásticos, de Guaporé,
apresentará o seu case, especialmente no uso do SIS.