Os repórteres Márcio Falcão e Severino Motta, da Folha de S. Paulo, informaram esta tarde que o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), deve
ingressar nesta terça-feira (4) na Corregedoria com uma representação por
quebra de decoro parlamentar contra o vice-presidente da Casa, André Vargas
(PT-PR), pelas provocações do petista ao presidente do STF (Supremo
Tribunal Federal), Joaquim Barbosa, durante a sessão de ontem de reabertura dos
trabalhos do Congresso. Leia toda a reportagem, que está bastante completa:
Um dos principais críticos do julgamento do
mensalão, Vargas repetiu por diversas vezes, no plenário da Câmara, o gesto de
erguer o punho cerrado, que foi adotado pelo ex-presidente do PT José Genoino e
o ex-ministro José Dirceu no momento de suas prisões. O petista estava sentado
ao lado de Barbosa na mesa da cerimônia. Em uma troca de mensagens pelo celular revelada hoje pelo
o jornal "O Estado de S. Paulo", Vargas ainda sugeriu que gostaria de
dar "uma cotovelada" no ministro. A mensagem foi confirmada pela
assessoria do petista à Folha. Vargas ainda tentou fazer um 'selfie' – tirar foto de si
mesmo– enquadrando Barbosa ao lado e fez vídeos durante a cerimônia. O PSDB
argumenta que Vargas feriu o Código de Ética da Câmara que determina
"tratar com respeito e independência os colegas, as autoridades, os
servidores da Casa e os cidadão com os quais mantenha contato no exercício da atividade
parlamentar, não prescindindo de igual tratamento".
. "Fiquei estarrecido, chocado. Foi inacreditável. Nós
estamos estudando ainda a representação para não fazer nada precipitado, mas
vamos representar", disse Imbassahy à Folha. "Foi um gesto
provocativo jamais visto. Ele não estava ali apenas como deputado, mas estava
como vice-presidente da Câmara, representando a instituição. Além do gesto
[punho cerrado erguido], que fica no simbolismo, teve essa troca de mensagem
insinuando a cotovelada. Inaceitável essa postura depõe contra o
Congresso", completou.
O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN),
disse que não ter uma avaliação sobre uma representação contra Vargas ter
potencial para avançar na Casa. "
. Ao deixar o evento, Barbosa limitou-se a dizer que não
prestou atenção ao gesto. A Folha apurou que ministros do STF
analisam se há necessidade de uma reação ao gesto do petista. Uma das
possibilidades seria uma nota institucional. Mas a ideia enfrenta resistência
pelo tema ser considerado extremamente delicado. A avaliação de dois ministros do Supremo ouvidos pela
reportagem é que o PT tem deflagrado uma campanha para politizar o resultado do
julgamento numa tentativa de evitar um eventual impacto das prisões nas
eleições de outubro. O receio dos ministros é de que uma resposta institucional
do Supremo dê fôlego a estratégia do PT.