Na longa entrevista feita pelos jornalistas Patrícia Duarte e Cesar Bianconi, da Reuters, publicada hoje pelo jornal Brasil Econômico, o ex-ministro disse acreditar que o dólar mais forte não vai ter
grande efeito sobre as exportações, já que a renda do mundo está caindo ou
estagnada. No longo prazo, Delfim avalia que uma expansão do Brasil de 4% a 5% ao ano seja possível.Leia tudo a seguir:
A recente alta do dólar beneficia a indústria nacional e
dá sobrevida à economia brasileira, ao levar à troca de produtos importados por
locais, mas o crescimento adiante depende do sucesso dos leilões de
infraestrutura no país, avalia o economista e ex-ministro Antonio Delfim Netto."A
indústria está murcha e é o único setor onde você ainda tem, talvez, recursos
para expandir um pouco a produção, porque você durante anos substituiu a
produção industrial por importações", diz Delfim.Ele acredita que o dólar mais forte - a divisa
norte-americana acumula alta acima de 13% sobre o real desde maio- não vai ter
grande efeito sobre as exportações, já que a renda do mundo está caindo ou
estagnada. Mas é possível esperar substituição de importados, "o que daria
um certo alento para o crescimento industrial e se reproduziria nos outros
setores".
. A balança comercial brasileira acumula déficit de US$ 3,5
bilhões no ano até a segunda semana de julho, ante superávit de US$ 7,8 bilhões
no mesmo período do ano passado. O rombo se deve ao aumento de 8,5% nas
importações, enquanto as exportações recuaram 0,9% no mesmo período.
"Você tem que começar a pôr fogo na fogueira, daí
você tem uma coisa imediata, digamos em seis meses. Agora, o grosso do
investimento só vai acontecer se os leilões de concessões forem um
sucesso", afirmou Delfim, um conselheiro próximo da presidente Dilma
Rousseff.
O governo federal aposta numa série de licitações de
rodovias, ferrovias, portos e aeroportos para acelerar a economia, em projetos
com investimentos totais de mais de R$ 200 bilhões.
Para Delfim, o governo peca ao querer fixar a qualidade
dos projetos de logística e também a taxa de retorno dos investidores privados
nesses leilões.
"Leilão não é coisa para amador, é coisa para
profissional. Eu acho que o governo ainda continua com um certo amadorismo
nesse sistema", disse, acrescentando que o governo "está
aprendendo" sobre o assunto.Apesar disso, Delfim está
"relativamente" otimista com a situação atual do Brasil. Ele estima
que o Produto Interno Bruto (PIB) crescerá entre 2% e 2,5% neste ano e, dependendo
do resultado dos leilões de concessões, de 3% a 3,5% em 2014.
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