A foto ao lado é da reportagem da Piauí.
Numa reportagem enorme, de capa, a revista Piauí que já circula em todo o País, revela de que modo sua repórter, Malu Delgado, acompanhou Aécio Neves numa recente gira por vários Estados. A matéria também conta o dia a dia do candidato tucano. A reportagem leva o título "O público e o privado". Vale a pena ler tudo com astenção e passar adiante:
"Vamos fazer um negócio curtinho lá, senão ninguém
aguenta. Pá, pum! E aí entra a música.” Aécio Neves da Cunha batia a lateral da
mão direita na palma esquerda, ritmadamente. Orientava os discursos que seriam
feitos dali a algumas horas no lançamento da pré-candidatura de Pimenta da
Veiga ao governo de Minas Gerais. Dentro do jatinho que ia de Brasília a Belo
Horizonte naquela manhã de fevereiro, cinco coadjuvantes da festa ouviam o
senador com atenção. Além do presidente do PSDB paulista, Duarte Nogueira, e do
líder do partido na Câmara, Antonio Imbassahy, estavam no voo os presidentes da
seção mineira do PSB, do PDT e do PT do B. A fauna política era uma pequena
amostra do modo de operar de Aécio. Se tudo correr conforme o planejado,
Pimenta da Veiga terá mais de 20 legendas apoiando sua candidatura.
De janeiro a maio, o senador mineiro fez quarenta viagens
de avião custeadas pelo partido – dezesseis delas para São Paulo. As agendas
eleitorais disfarçadas de compromissos partidários geralmente se iniciam às
quintas-feiras, quando o Congresso se esvazia. Na aritmética dos tucanos, se
chegar à frente de Dilma Rousseff no estado de Fernando Henrique Cardoso,
Geraldo Alckmin e José Serra, Aécio dificilmente fica fora do segundo turno da
eleição presidencial. Ele considera que em Minas, segundo colégio eleitoral do
país, deve ter ampla vantagem sobre a petista.
Sentado sempre de frente para a cabine de comando –
hábito do qual não abdica –, Aécio fez o sinal da cruz assim que o avião
decolou. Perguntei se tinha medo de voar. Deu de ombros e respondeu que certas
coisas são inevitáveis, “então melhor nem pensar no assunto”. Minutos depois o
senador descrevia, efusivo, a ampla coalizão que montava em seu estado.
Brincava ao mesmo tempo com os parlamentares, chamando-os por apelidos ou
diminutivos. Fez piadinhas inaudíveis ao pé do ouvido de Júlio Delgado, do PSB.
Pegou o tablet de um assessor para acompanhar as últimas notícias e passou os
olhos em alguns relatórios. Relaxado, pôs-se a falar do lugar de que mais
gosta, a fazenda na cidade de Cláudio, no interior de Minas. “São 50 alqueires
e alguns pezinhos de café para não ficar feio e também curar a cachaça”, ele disse.
Chamou seu refúgio de “meu Palácio de Versalhes”, numa alusão ao château nos
arredores de Paris que funcionou como centro do poder do Antigo Regime francês.
“Um dia você vai conhecer o meu palácio”, prometeu. Nos quase quatro meses em
que o acompanhei em viagens e eventos, ele evitou abrir as portas de seu
castelo, sem nunca ter dito “não” claramente. A fortaleza mineira, na descrição
de um amigo da família, é “uma fazenda tipicamente colonial, sem pompa, com uma
capelinha na entrada e campinho de futebol”.
Imbassahy interrompeu a conversa para mostrar “um vídeo
fantástico” no YouTube. “Já viu?”, perguntou, empurrando o tablet em minha
direção. Aécio e as irmãs Andrea e Angela aparecem ao lado de outros parentes
numa varanda do château. Participam todos de uma cantoria animada. A música é
Tocando em Frente, de Renato Teixeira e Almir Sater, aquela que diz “ando
devagar porque já tive pressa”. A gravação foi feita em 2006, mas havia sido
postada na rede apenas três dias antes da nossa viagem. “Muito bom, muito bom”,
repetia o deputado baiano. “Ele é o campeão número 1 nesta arte, a sacanagem de
agradar”, emendou, apontando para Aécio.
Entusiasmado, Imbassahy argumentou que, ao contrário de
Serra, que disputou a Presidência em 2002 e 2010, e ao contrário de Alckmin,
candidato em 2006, o mineiro agora teve tempo e condições, como presidente do
PSDB, para gestar acordos políticos e preparar os terrenos regionais. “Esse
camaradinha aí costurou coisas que só vão aparecer lá na frente.” Uma dessas
“costuras” apareceu durante o voo. Pouco antes de desembarcar, entre goles de
Coca-Cola Zero, Aécio conversou por telefone com o ex-prefeito Gilberto Kassab
para agradecer o apoio do PSD a Pimenta da Veiga.
Engomados, com ternos escuros bem cortados, Pimenta da
Veiga e Antonio Anastasia, à época ainda governador, esperavam por Aécio no
aeroporto da Pampulha.
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