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Youssef afirmou que dois operadores fizeram os pagamentos em
espécie supostamente ordenados pela empreiteira: a doleira Nelma Kodama e
Leonardo Meirelles, que emprestava contas no exterior para Youssef fazer
remessas ilegais.
Até agora, a empreiteira só havia sido associada por
delatores a pagamentos de suborno fora do país. O ex-presidente da Petrobras
Paulo Roberto Costa, por exemplo, disse ter recebido US$ 23
milhões da empreiteira em contas na Suíça, conforme
a Folha revelou em outubro.
O ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco também disse em
acordo de delação ter recebido cerca de US$ 1 milhão da Odebrecht na Suíça e
entregou o que seria o comprovante da transação, feita por uma empresa do
Panamá, a Construcciones del Sur.
O doleiro assinou um acordo de delação premiada segundo o
qual terá uma pena de três a cinco anos em regime fechado, dependendo das
revelações que ele trouxer no curso dos processos.
Youssef não mencionou quem teria recebido o suborno que
ele atribui à Odebrecht, o que pode ser uma estratégia para evitar que
eventuais alvos de futuras investigações sejam alertados.
O doleiro prestou depoimentos em cinco ações penais, que
envolvem as empreiteiras Camargo Corrêa, OAS, UTC, Mendes Junior e Engevix. O
interrogatório durou cerca de cinco horas, dividido em duas sessões.
Youssef disse que movimentou entre US$ 150 milhões e US$
180 milhões e que seu lucro nesse processo foi de R$ 7 milhões, valor que o
juiz federal Sergio Moro encarou com ceticismo, segundo quatro advogados que
acompanharam os depoimentos.
Nater disse que Youssef deve ter se confundido ao citar o
nome de Meirelles como operador de suborno no Brasil. Segundo ele, seu cliente
fez operações para a Odebrecht no exterior.
Em dezembro, Nelma Kodama foi condenada a 18 anos de
prisão por lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha,
entre outros crimes. Ela foi presa em março do ano passado, quando tentava
embarcar para a Itália com 200 mil euros escondidos na calcinha. Desde janeiro
ela negocia um acordo de delação premiada para tentar reduzir a pena a que foi
condenada.
A Folha não conseguiu localizar o advogado de
Nelma.
OUTRO LADO
A Odebrecht afirma em nota que "refuta, mais uma
vez, as afirmações caluniosas, contra a empresa e seus integrantes, feitas por
doleiro réu confesso em dezenas de processos da Justiça Federal do
Paraná". Segundo a empresa, "é lamentável assistir a uma mentira ser
reconstruída e emendada tantas vezes ao longo de vários depoimentos e
'delações', sem que isso traga qualquer consequência para um réu confesso em
desespero para obter o perdão para seus crimes".
A Odebrecht reafirma que "não fez nenhum pagamento
ou depósito para qualquer ex-executivo da Petrobras ou a seus supostos
intermediários". A empresa nega também ter participou de cartel, como
aponta o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, "outro réu confesso
nos mes