Por determinação do presidente da Câmara dos Deputados,
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a Casa vai acelerar a discussão de uma proposta de
emenda à Constituição que define mandato de onze anos para ministros do Supremo
Tribunal Federal, além de retirar do presidente da República a exclusividade na
indicação dos ministros da Corte. Nesta quarta-feira, ocorre uma reunião para
debater a proposta. A PEC voltou ao debate na Câmara um dia após a indicação do
advogado Luiz Edson Fachin para a vaga deixada pelo ex-presidente do Supremo
Joaquim Barbosa, conforme noticiou o site de VEJA.
Sem alarde, Cunha instalou no início de abril uma
comissão especial para retomar a discussão do tema parado há catorze anos na
Casa e determinou celeridade na conclusão dos trabalhos. A Constituição de 1988
definiu que os ministros podem ingressar na Corte com 35 anos e ficar até os 70
anos, ou seja, por mais de três décadas. Além disso, concedeu ao presidente da
República a atribuição exclusiva de indicar os magistrados do tribunal, seguindo
o modelo dos Estados Unidos. A Câmara vai discutir modificações nesses dois
pontos. Deputados consideram que 35 anos é muito tempo para um ministro ficar
no cargo e a indicação de até quatro nomes para o Supremo deve ser feita pela
Câmara e pelo Senado, dois para cada. A proposta precisa passar pelo plenário
da Câmara e Senado.
O presidente da comissão especial instalada por Eduardo
Cunha, deputado Arthur Maia (SD-BA), afirmou que recebeu do peemedebista a
recomendação para agilizar a discussão sobre uma proposta única sobre o tema -
sete estão em discussão - e sua votação.
"O Eduardo Cunha me pediu, como presidente, para que
nós não utilizássemos as quarenta sessões que temos como prazo regimental para
discutir e votar a proposta. Ele gostaria muito que isso fosse feito num prazo
menor. Eu vou buscar atendê-lo trabalhando o mais rapidamente possível",
afirmou Arthur Maia. E complementou: "Ele acha que é um tema que precisa
ter uma definição rápida", disse o deputado.
Arthur Maia agendou reunião nesta quarta-feira,
antevéspera do feriado do Dia do Trabalho, quando o Congresso costuma estar
esvaziado. "Antecipei a reunião para montarmos o nosso plano de trabalho
que espero que não seja muito longo para a gente poder concluir isso com mais
rapidez possível."
O presidente da Câmara disse que pautou a discussão
porque "vários deputados pediram", mas que "não tem ainda
opinião" a respeito do assunto. O deputado instalou a comissão especial no
mesmo dia em que a "proposta mãe" foi desarquivada.
Segundo interlocutores, ele teria criado a comissão
especial para cumprir acordo que garantiu a votação da chamada PEC da Bengala
no plenário da Câmara. A proposta aumenta de 70 para 75 anos a idade para a
aposentadoria compulsória dos ministros do Supremo.
O texto já foi aprovado em primeiro turno na Câmara dos
Deputados. Se a proposta for aprovada pelo Congresso, a presidente Dilma
Rousseff não terá a oportunidade de indicar cinco ministros para o Supremo até
o fim de seu mandato.
A PEC da Bengala foi incluída na pauta como uma cortina
de fumaça para que a discussão sobre o mandato dos ministros e a indicação de
parte deles pelos deputados e senadores possam avançar sem chamar a atenção.
Conforme o deputado Arthur Maia, as mudanças, se aprovadas, não atingirão os
atuais ministros, mas os próximos indicados à Corte.
O atual ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, já se
manifestou, quando deputado, favorável à constitucionalidade das propostas que
definem mandato para os ministros e garantem ao Congresso parte das indicações.
"Não há vício de inconstitucionalidade formal ou material na
proposta", escreveu Cardozo.
4 comentários:
Eduardo Cunha, sejam quais forem suas reais intenções, tem apresentado propostas razoáveis. Em terra de cego quem tem um olho é rei.
Câmara e Senado escolhendo juiz do STF. Aí sim a bandalheira vai estar completa. Logo, logo, Renan no STF.
Alguém avisa o Cunha que PEC também tem que passar no Senado, em 2 turnos nas duas casas, ou seja, ele é o Presidente da Camara. Do Senado é Calheiros.
De qualquer jeito de que adiante PEC da bengala se o Ministro Gilmar Mender traiu os coxinhas, votando pela soltura dos Empresários da Lava Jato, conforme rege a CB e a Jurisprudencia do STF, ou seja, ele votou pela legalidade.
O Congresso vem procrastinando inúmeros projetos importantes para o país, agora com a água batendo no pescoço começam a desengavertar coisas que já deveriam estar beneficiando os brasileiros há muito tempo.Nem tudo que é bom para os EUA é bom para o Brasil.
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