A revistas ÉPOCA obteve relatórios da Polícia Federal que
revelam como se deram nas concessões dos financiamentos do BNDES durante os governos Lula e Dilma. É a primeira vez que uma
investigação reúne provas de como se dá a negociação, com informações
privilegiadas de reuniões, encontros secretos e pagamentos de propina. Os
documentos, levantados na Operação Acrônimo, que está prestes a enfiar na cadeia o governador mineiro Fernando Pimentel e sua mulher, ambos do PT, trazem evidências de propina em
dois contratos do BNDES com a Odebrecht, para obras na Argentina e em
Moçambique, ao custo de US$ 90 milhões, cerca de R$ 320 milhões. Na Acrônimo, Pimentel é apontado como chefe da quadrilha.
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A Odebrecht passa a ser o alvo central das duas maiores
investigações em curso no país. Na - p- - Lava Jato, pelo cartel formado para
conseguir obras na Petrobras.
- Acrônimo, por suas relações com o
BNDES.
A PF chega ao banco a partir de uma devassa nas contas e na vida de
Benedito de Oliveira Neto, o Bené, o principal operador do governador de Minas
Gerais, Fernando Pimentel – na ocasião ministro do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio e chefe do BNDES. A PF é taxativa ao
resumir o caso:
- Pagamento de vantagens indevidas realizado pela empresa
Odebrecht, por meio de intermediação de João Carlos e Bené, a Fernando Damata
Pimentel, em contraprestação a benefícios recebidos junto ao BNDES para
investimentos no exterior”. João Carlos Mariz era o homem da Odebrecht
responsável por conseguir financiamentos no BNDES. Vantagens indevidas é o
termo técnico para propina. A partir de depoimentos de testemunhas e de
planilhas recolhidas, a PF suspeita que o grupo de Fernando Pimentel levantou
mais de R$ 6 milhões em propina da Odebrecht.
As provas colhidas pelos investigadores incluem mensagens
de texto trocadas entre Bené e João Carlos Mariz, que ocupou diversos cargos na
Odebrecht – entre eles, diretor de crédito à exportação. Nas mensagens, eles
tratavam de obras da Odebrecht na Argentina e em Moçambique. Muitas mensagens
citam ainda o “chefe” – alcunha para Pimentel, segundo a PF. O inquérito ganhou
força a partir do mapeamento do dinheiro de Bené. Os investigadores descobriram
que a maior parte dos pagamentos das despesas de Bené era feita por um primo,
Pedro Medeiros, também seu funcionário. Morador de uma quitinete, ele pagou
inacreditáveis R$ 6,4 milhões entre 2012 e 2014. A PF apurou as andanças do
homem da mala de Bené. Ao cruzar as mensagens de texto de Bené com as viagens
de Pedro Medeiros, começou a desvendar o esquema do BNDES e da Odebrecht.
A PF chegou a dois empreendimentos da Odebrecht fora do
país, financiados pelo BNDES e sob suspeita. Na Argentina, foram 37 contratos
firmados entre 2013 e 2015, com juros entre 3% e 4%, num total de US$ 45
milhões, para a construção de um centro de tratamento de água em Las Palmas. Em
Moçambique há um único contrato, de setembro de 2013, a juros de 3,89% e também de US$ 45 milhões, para reforma do
aeroporto de Nacala. O inquérito corre em sigilo no Superior Tribunal de
Justiça, em razão do foro privilegiado de Pimentel.
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