Ao lado, o secretário fala para os dirigentes do SIMERS, sexta a noite, no Sheraton. -
O presidente do SIMERS, Paulo de Argollo Mendes, fez a declaração pouco antes da palestra
do secretário estadual da Saúde, sexta a noite, no Sheraton. O editor foi convidado por Argollo para o jantar, que reuniu autoridades públicas, médicos e dirigentes sindicais.
O presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul, Paulo de Argollo Mendes, declarou que a saúde pública gaúcha vive a
pior crise da história, desde a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS). Dramático, o dirigente sindical avisou no final da reunião, depois de ouvir o secretário da Saúde, João Gabbardo:
- O quadro é de colapso. Não há solução no
curto e médio prazos, segundo os números das finanças estaduais
apresentados pelo titular da Secretaria Estadual da Saúde (SES), João
Gabbardo dos Reis.
O evento promovido pelo SIMERS teve
como conferencista o próprio Gabbardo. O quadro desenhado pelo gestor é de
calamidade no SUS. O titular da SES apontou que o déficit na sua pasta vai
alcançar R$ 1 bilhão em 2015. O saldo negativo soma compromissos deste ano e
parte que não foi saldada no governo Tarso Genro.
Paulo Argollo destacou que há grande descontentamento dos
médicos em todo o Estado. “A atitude do secretário foi corajosa, ao vir
enfrentar uma plateia adversa, pois os médicos estão extremamente descontentes
com a situação da saúde”, pontuou o presidente do SIMERS.
Gabbardo informou sobre as ações a serem adotadas>
- A
primeira, que deve ter mobilização de diversos setores, será buscar mais
recursos da União, que repassa cada vez menos verbas a estados e municípios.
- Outras medidas, segundo Gabbardo, podem ser: empréstimos do Banrisul a hospitais
e otimização da gestão e operação dos estabelecimentos nas regiões.
O presidente do Sindicato observou que essas atitudes não
têm efeito imediato e criticou fortemente o governo federal:
- Ele aplica apenas
4% do orçamento no SUS, enquanto repassa 48% no pagamento de juros aos bancos.
A União respondia, em 2002, por 52,05% das verbas do SUS, e estados e
municípios juntos por 47,95%. Em 2013, o quadro se inverteu, pois o governo
federal aplicou 42,93% em saúde, e estados e municípios chegaram a 57,07%., A saúde está em colapso, mas os bancos estão muito bem
obrigado.
Médicos
sem salários
Atrasos no pagamento de médicos que atuam em hospitais em
diversos municípios já provocam redução ou restrições no atendimento. A
situação atinge tanto profissionais que são prestadores de serviço, como os com
carteira assinada.
Canoas – Repasses insuficientes do Estado ao
município levaram a prefeitura a buscar liminar na Justiça, mas quem está sendo
penalizado é um contingente de quase 400 médicos que atuam no Hospital de
Pronto Socorro de Canoas (HPSC), Hospital Universitário (HU) e Unidade de
Pronto Atendimento (UPA) Rio Branco e que ainda não receberam os salários de
junho. Eles são contratados pelo Sistema Mãe de Deus, que faz a gestão das três
unidades a partir de repasses da prefeitura.
O atraso nos salários completará uma semana nesta segunda-feira
(13 de julho). O SIMERS convocou assembleia extraordinária para a
noite deste segunda (a partir das 19h), na sede da entidade, na Rua Corte Real,
975, em Porto Alegre). A plenária avaliará as medidas a serem adotadas contra o
atraso, entre elas a paralisação do trabalho. “Apenas os médicos não foram
pagos, o que é uma flagrante discriminação, justamente contra quem lidera as
decisões e realiza os procedimentos para o cuidado dos pacientes. Isso é
revoltante”, reage Argollo.
O dirigente lembra ainda que, diferentemente os
municípios da Região Sul do Estado que são mais pobres, Canoas tem uma das
três maiores arrecadações estaduais. “É um município muito rico que poderia
manter em dia os salários, enquanto aguarda o cumprimento da ordem judicial”, cobra
Argollo. O grupo Mãe de Deus, ressaltou o presidente do SIMERS,
também é muito forte, deixou de recolher em 2013 (último dado
disponível) R$ 93 milhões em tributos, graças a isenções pela filantropia.
“O Mãe de Deus não está fazendo caridade ao atender o SUS, mas usando o nosso
dinheiro. O grupo também poderia manter os salários dos médicos em dia,
enquanto não recebe do município”.
Erechim – Outro caso dramático é o dos médicos do
Hospital Santa Terezinha, em Erechim, onde os profissionais em diversas
especialidades estão há mais de cem dias (em alguns casos há seis meses) sem
receber. Eles vinham mantendo a assistência, mas na semana passada a situação
ficou insustentável. O hospital alega que faltam ser repassados quase R$ 8
milhões pela SES.
“Não há como manter integralmente os serviços se o
hospital não repassa as verbas que já foram inclusive, em boa parte,
transferidas pelo Estado à direção do Santa Terezinha”, alertou Argollo. Desde
a quarta-feira (8 de julho), são mantidos os atendimentos de urgências e
emergências.
“Esperamos que a população se sensibilize, pois os
médicos, como qualquer trabalhador, têm compromissos que precisam ser pagos e
dependem da remuneração pela assistência que já prestaram”, explica o
presidente do Sindicato Médico. “O salário tem caráter alimentício, talvez
os médicos tenham de se retirar dos hospitais para fortalecer suas receitas
buscando outras alternativas, como atender em consultórios.”