* Clipping O Estadão.
O grande tombo da indústria, principal componente do
fiasco econômico do ano passado, está confirmado e medido oficialmente. A
produção industrial diminuiu 2,7% em 2012, segundo informou na sexta-feira o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi o primeiro
resultado negativo desde o recuo de 7,4% registrado em 2009, quando se
manifestaram plenamente, em todo o mundo, os efeitos recessivos do estouro da
bolha financeira nos mercados de crédito americano e europeu. Mas a pior parte
da notícia é outra. É preciso ir aos detalhes para encontrar o significado
econômico da crise industrial brasileira e entender o estrago causado por erros
políticos acumulados em muitos anos. Os números de 2012 servem tanto para um
exame do passado quanto para uma avaliação dos problemas à frente. O mau
desempenho em 2012 limita as possibilidades de crescimento do País em 2013 e
nos anos seguintes e impõe desafios enormes ao governo e ao empresariado.
O recuo de 2,7% foi o resultado médio de todo o setor
industrial. A produção da indústria extrativa diminuiu apenas 0,3%. A do setor
manufatureiro encolheu 2,8%. É esse o canal mais importante de irradiação de
tecnologia e de criação de empregos decentes.
É também o mais exposto à concorrência internacional.
Quando se decompõe a atividade segundo as categorias de uso, aparece um quadro
especialmente sombrio. A produção de bens de consumo diminuiu apenas 1%, porque
o governo reduziu impostos sobre veículos e eletrodomésticos e, além disso, o
emprego e o poder de compra das famílias permaneceram elevados. A demanda foi
em parte suprida por importações competitivas e isso explica o resultado
negativo da atividade interna.
Mas a fabricação de bens de capital encolheu 11,8%. Vale
a pena, de novo, notar alguns detalhes. A produção de máquinas e equipamentos
(nomenclatura do IBGE) recuou 3,6%. A de máquinas para escritório e
equipamentos de informática recuou 12,7%. A de máquinas, aparelhos e materiais
elétricos caiu 5,4%.
A queda de produção do setor de bens de capital é um
péssimo prenúncio. O investimento, como qualquer outro uso de recursos,
influencia o crescimento a curto prazo, mas seu efeito mais importante é
outro.
O potencial de expansão da economia depende, a médio e a
longo prazos, do valor investido em máquinas e equipamentos de vários tipos, em
instalações de produção de bens e serviços e em infraestrutura (estradas,
portos, armazéns, centrais elétricas, redes de transmissão e distribuição de
energia e sistemas de comunicação).
No Brasil, o total do investimento desse tipo, também
conhecido como formação bruta de capital fixo, continua inferior a 20% do PIB.
Em outros países latino-americanos, está nas vizinhanças de 30%. Na Ásia, há
taxas maiores e até próximas de 40%, financiadas principalmente por elevados
níveis de poupança interna.
Também é muito importante o dinheiro investido em capital
humano.
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