A consultoria Empiricus, que se notabilizou no ano passado pelo embate público que manteve com o governo Dilma em plena campanha eleitoral, informou nesta segunda que o relatório do Deutsche Bank desta segunda leva o seguinte
título: “Petrobras risk drags sovereign down”. Leia todo o comentário de um dos analistas da Empiricus sobre Petrobrás -
Questão muito pertinente...
Petrobras teve a sua nota de classificação de risco recém
rebaixada pela agência Moody’s, que manteve o rating em perspectiva negativa
para possível rebaixamento adicional.
O rating soberno do Brasil, por ora mantém-se inalterado,
embora também sob observação negativa.
Não que o mero downgrade da Petro, no caso, exija o
ajuste na classificação de risco do País, como ocorreria se fosse o inverso.
Mas Petrobras pode, sim, forçar um ajuste no rating
soberano brasileiro, arrastando a classificação de todas as outras empresas
para baixo.
Se a divulgação do último balanço da Petro disse alguma
coisa, é que a empresa sequer possui uma metodologia concisa para quantificar o
rombo provocado pela corrupção.
As projeções que circulam por aí avalizam este argumento,
dando conta de baixas contábeis que vão desde R$ 4 bilhões a perto de R$ 90
bilhões.
A janela de captações da empresa está fechada sem um
parecer dos auditores.
Para ter o parecer, precisa quantificar de forma
minimamente concisa o tamanho do rombo, para, possivelmente, ter suas contas
avalizadas pelos auditores.
03:47 - Demora....
Petro ainda não reduziu de forma substancial o seu plano
de investimentos. Prometeu que fará ajustes na divulgação de um novo Plano de
Negócios, com publicação agendada para a metade do ano.
Enquanto isso, carrega a maior dívida corporativa do
mundo e o maior plano de investimentos do mundo, tendo de investir mais de R$
80 bilhões este ano.
E se não tiver as contas aprovadas e balanços publicados
até metade do ano, o credores podem cobrar antecipadamente o pagamento de cerca
de US$ 50 bilhões em dívidas por desumprimento de contrato.
De onde ela vai tirar dinheiro?
Seu custo de captação é elevadíssimo, seja via emissão de
ações (em mínima de 10 anos) ou de dívida (falta de credibilidade, recente
rebaixamento de rating, janela fechada sem parecer do auditor).
Em M5M da semana passada, falei que o risco de quebra de
Petrobras é baixíssimo. Afinal, a estatal é praticamente um risco soberano, a
famosa “too big to fail”.
Se a coisa de fato apertar, e concordamos que o risco de
que a coisa aperte é crescente, a saída natural seria recorrer a um socorro de
governo.
Too big to fail -
Veja, que não estou elucubrando aqui - .
Em dezembro foi anunciado que a companhia negocia ajuda
do governo para lhe fornecer empréstimo de R$ 7 bilhões, em engenharia
financeira que envolve a Eletrobras.
Segundo apurou o Valor, há R$ 31 bilhões de exposição no
setor bancário em crédito direto fornecido para a petroleira, sob risco com a
operação Lava Jato.
Disso, os bancos públicos têm o maior volume, com R$ 11,5
bilhões pela Caixa e R$ 9,4 bilhões pelo BB. Conrdamos que há, portanto, risco sistêmico (de
espraiamento para outras essferas da economia) e risco crescente de iliquidez
no curto prazo, ainda que não haja risco relevante de quebra da empresa...