A reportagem a seguir é do repórter André Mags, Zero Hora (a foto ao lado também é de ZH), comprovando todas as denúncias que este site produziu durante a semana, sempre em cima de falas do deputado Frederico Antuines, PP. Na quinta-feira, o Dnit prometeu a Antunes que começaria os consertos. A buraqueira, o mau estado da estrada, tem tudo a ver com a apressada, ineficaz e incompetente desconstrução do sistema de estradas pedagiadas. Tarso sequer conseguiu devolver trechos federais que integravam os pólos. O resultado dessa política avewntureira é o que você perceberá nesta reportagvem. Leia tudo:
Um concerto no asfalto começa a reger o trânsito na
rodovia Porto Alegre-Pantano Grande (BR-290).
Pode ser um naipe de metais - o carter batendo contra a
elevação na pista pouco antes do pedágio abandonado da Univias no sentido
Interior-Capital - ou um bumbo seco - o pneu caindo em alguns dos buracos entre
Arroio dos Ratos e Pantano Grande.
As viagens por esse trecho da BR-290 têm sido
acompanhadas por essa trilha sonora desde as primeiras semanas de 2014,
calculam usuários contumazes da via. Foi pouco depois de o pedágio da Univias
deixar de ser cobrado.
Na sexta-feira, alguns sinais de recapeamento emergencial
mostravam que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit)
percebeu o perigo. A autarquia diz que aguarda que a empresa vencedora da
licitação para restauração da estrada assuma o serviço.
A solução definitiva será a duplicação e restauração de
trechos de 57,5 quilômetros de extensão, em um investimento de mais de R$ 300
milhões prometido pela presidente Dilma Rousseff na inauguração da Rodovia do
Parque, em dezembro. Enquanto isso, porém, segue arriscado circular pelo
trecho.
Voltando de férias em Santa Maria para Porto Alegre, o
eletrotécnico e estudante de Engenharia na PUCRS Jean Kessler, 31 anos, sentiu
o baque em um afundamento nas proximidades do posto da Polícia Rodoviária
Federal em Pantano Grande. Parou mais adiante para conferir e confirmou o estrago
na parte interna da calota do seu Corsa. Pararia no primeiro posto de
combustíveis para analisar melhor o estrago.
— Fazia uns seis meses que eu não percorria essa estrada.
Piorou bastante desde então — observou.
"É o pior momento em três anos", afirma motorista
Quem conserta pneus furados na área da BR-290 tem
trabalhado mais do que o normal. O borracheiro Flavio Roberto Trindade da
Silveira, 49 anos, estava com o macacão sujo de graxa.
Ganhou mais trabalho nos últimos meses por causa,
principalmente, de uma cratera que arrebentava pneus na entrada para Arroio dos
Ratos. Há cinco anos no mesmo ponto à beira da BR-290, nunca teve tanto
serviço. Chegou a suspirar antes de dizer:
— Igual como está agora, tá louco. De Pantano Grande para
cá, está horrível — afirma o profissional.
Três vezes por semana, Darin Feijó Gomes, 51 anos, encara
a BR-290. A frequência o transformou em um expert sobre a via. Observador,
coleciona situações que testemunhou ou ficou sabendo, como um amigo que perdeu
o carter ao bater em um calombo de asfalto ou um caminhão que saiu da pista ao
se desgovernar nas irregularidades da pista.
A opinião dele é de que o fim da concessão pedagiada foi
prematuro, por não haver um plano B pronto para ser colocado em prática:
— É o pior momento da rodovia nos últimos três anos. Que
diferença faria tirar o pedágio um pouco depois? Agora a estrada fica assim,
sem pai nem mãe — afirma.