- A montanha pariu um rato. O processo que foi para Santa Maria é um processo kafkiano e político. Acontece que a Justiça Federal não é a Santa Inquisição e nem está a serviço da candidatura do ministro Tarso Genro.
. O jornal e a RBS deste domingo transformam os seis procuradores em verdadeiros deuses ex-machina. São o que parecem. A idéia do Eixo do Mal é justamente usar o novo evento para golpear o governo e ajudar a eleger o ministro Tarso Genro. O que surpreende é que tantos sejam enganados durante tanto tempo por tão poucos no RS.
. A juiza Simone Barbisan não terá outra alternativa senão julgar inepta a ação.
. Não existe uma só prova material (documento, extrato bancário, declaração de renda ou seja o que for) e também nem um só áudio (som ou imagem) - a não ser algo que se poderia tomar como testemunho (a prostituta das provas) - capaz de incriminar um só fio de cabelo da governadora Yeda Crusius. Não apareceu uma só prova em tres anos e meio de denúncias após denúncias e na ação ajuizada pelo MPF, novamente, não é apresentada uma só prova. No caso das testemunhas, se é que se pode falar em testemunhas, o que fica claro na petição inicial é que os procuradores compraram como verdades reveladas, a gravação forjada, montada, previamente combinada entre os lobistas Lair Ferst e Marcelo Cavalcante, cujo único objetivo era chantagear Yeda, empresários gaúchos e o PSDB, ao que se somaram os delírios persecutórios do surpreendente ex-presidente do Detran, Sérgio Buchmann, retirado há dois meses da cama porque a polícia queria prender seu filho traficante.
. 70% da ação visa atacar o deputado José Otávio Germano e 30% focam Yeda. Os outros personagens são todos objetos de conversas indiretas grampeadas pela Polícia Federal, tipo Flávio Vaz Neto com Antonio Maciel (os áudios já foram todos apresentados, mas existem alguns que são inéditos). Nessas conversas é que entra o deputado Frederico Antunes, que é o personagem que entrou na história de graça, a não ser por se apresentar como a mais importante liderança política atual do PP gaúcho, candidato natural a vice da própria Yeda ou de Fogaça.
. Os procuradores do MPF, apresentados por Zero Hora de domingo como os novos heróis do dia (ZH não quis publicar um poster colecionável com o rosto de cada um), foram seletivos ao pinçar nomes a partir das análises feitas nas gravações. Os deputados Frederico Antunes e Zachia, Walna e Bordini, citados de passagem, foram parar na denúncia, mas não foi isto que o MPF fez com outros nomes que circularam nos grampos, como os deputados Fabiano Pereira e Paulo Azeredo (tratado como Paulo Melancia nos autos). E não se tratam de dois "veadinhos", outra dupla de personagens recorrente nas conversas grampeadas entre Flávio Vaz Neto e Antonio Maciel. O MPF foi bastante seletivo no caso e fez de conta que nos autos não estão provas que nominam os deputados do PT e do PDT.
. Os áudios tão esperados pelos voyeurs que infestam a política e a mídia do RS, são os já conhecidos ou divulgados: 1) conversações entre Flávio Vaz Neto e interlocutores diversos, sobretudo Antonio Maciel. 2) trama forjada enre Lair Ferst e Marcelo Cavalcante. 3) gravação feita por Paulo Feijó com Cesar Busatto. Imagens claras, límpidas como a luz do dia, como denunciaram a deputada Luciana Genro e o vereador Pedro Ruas em fevereiro ? Nem pensar. Os dois líderes do PSOL continuam devendo explicações sobre o que disseram e o sórdido papel que jogam em todo o episódio, algo jamais visto na história do RS.
. Quem tiver paciência para esperar, verá.
- O resultado dessa destrada ação ajuizada em Santa Maria, acabará por prejudicar a própria ação penal já em exame. Talvez este seja o único resultado de tudo o que foi apresentado pelo MPF.