Lula sempre será a grande sombra sobre o governo de Dilma Roussef, que é a nova presidente do Brasil. Ele retirou-a da obscuridade, deu-lhe sopro de vida política, tornou-a candidata e a elegeu.
. Muita gente compara o que Lula fez com Dilma e o que fez Getúlio com Dutra (1946). São situações diferentes, porque Getúlio Vargas apenas apoiou o general que ajudou a depô-lo um ano antes, mas não o retirou da obscuridade, não lhe deu sopro de vida política, não o tornou candidato e também não o elegeu.
. O caso de Lula não tem precedentes na história política e eleitoral brasileira.
. A situação é exatamente igual a que protagonizaram na Rússia o ex-presidente e atual premier, Vladimir Putin, e Dmitri Mevdved, o atual presidente.
. Como Putin, Lula é o suserano político de Dilma, que deve a ele tudo que é; e como Putin, Lula repartirá o governo com Dilma, o que fará através de um gênero de parlamentarismo sequer existente na legislação brasileira, mas que é resultado da enorme influência do ex-presidente no seu Partido, nos Partidos da base aliada, nas instituições republicanas e no miolo da própria sociedade brasileira.
. Se isto vai dar certo ou não num País tropical como o Brasil, será outra história, como também será outra história compreender a reação de Dilma Roussef, cuja trajetória política nunca foi a de uma marionete na mão de ninguém.
CLIQUE AQUI para ler "Presidencialismo mitigado ?Sem chance", artigo de Gaudêncio Torquato para O Estado de S. Paulo, 21 de novembro.