Ao lado, gráfico da Folha, ontem, registrando avaliações do governo Dilma desde 2011. Segundo o Instituto Análise, a avaliação de 103 eleições para governador (1994-2010) todos que tiveram menos de 34% de ótimo/bom perderam o pleito. Dilma está com 32%, portanto com futuro negríssimo.
A análise a seguir é de Alberto Carlos Almeida:
O Instituto Análise fez um levantamento de 104 eleições
para governador ocorridas no Brasil entre 1994 e 2010. A partir de 1998 passou
a haver reeleição.
De lá para cá, 46 governadores eleitos quatro anos antes
disputaram a sua reeleição. A primeira descoberta importante é que todos os
governadores que disputaram a reeleição com a soma de ótimo e bom igual ou
maior do que 46% foram reeleitos.
. Sérgio Cabral está nesse grupo. Ele foi reeleito em 2010,
quando sua avaliação positiva estava em torno de 60% no fim de setembro. Aécio
Neves, em 2006, estava com mais de 65% de ótimo e bom; Eduardo Campos tinha em
2010, às vésperas da eleição, mais do que 70% de ótimo e bom. Aqueles que
ficaram mais próximos do limite de 46% foram Joaquim Roriz em 2002; Cássio
Cunha Lima, que tinha 47% em 2006; Roseana Sarney, com 48% em 2010; e Jarbas
Vasconcelos, com 50% de avaliação positiva em 2002.
. Igualmente importante é a conclusão desse mesmo estudo:
todos que tiveram menos de 34% de ótimo e bom foram derrotados em seu objetivo
de ser reeleitos – Miguel Arraes, em 1998; Yeda Crusius, no Rio Grande do Sul,
em 2010; José Bianco, em Rondônia, em 2002; e Valdir Raupp, no mesmo Estado,
quatro anos depois; Ana Júlia, no Pará, em 2006; Germano Rigotto, no Rio Grande
do Sul, no mesmo ano; e Paulo Afonso, em Santa Catarina, em 1998. Esses sete
governadores não conseguiram ser reeleitos porque sua avaliação estava abaixo
de 34% de ótimo e bom. Trata-se de uma avaliação muito ruim – quando isso acontece,
o desejo de mudança é mais disseminado do que o desejo de continuidade. O
eleitorado foi claro nessas sete eleições: queremos trocar de governo.
(...)
. Atualmente, o governo Dilma tem 36% de ótimo e bom. Se
ela estivesse disputando uma eleição para um governo estadual, não estaria na
faixa cuja vitória é certa, acima de 46% de ótimo e bom, nem na faixa na qual a
derrota é certa, abaixo de 34% de ótimo e bom. O atual patamar de avaliação do
governo Dilma, entre 35 e 45% de ótimo e bom, a põe na faixa na qual 42% dos
governadores que disputaram a reeleição foram vitoriosos, ao passo que 58%
foram derrotados. Dilma é candidata à reeleição, mas não para um governo
estadual. Ela é candidata a presidente. Assim, alguns poderiam argumentar que
as eleições de governador são um parâmetro ruim para analisar uma eleição
presidencial. Pode ser que sim, pode ser que não.
. Nas duas reeleições ocorridas no Brasil, Fernando
Henrique em 1998 e Lula em 2006, os candidatos foram vitoriosos com uma
avaliação muito próxima dos 46% de ótimo e bom dos governadores reeleitos:
Fernando Henrique tinha 43% às vésperas da eleição e Lula, 47%. Considerando-se
as margens de erro das pesquisas, é possível que Fernando Henrique tivesse uma
avaliação um pouco melhor, talvez 44 ou 45% de ótimo e bom. O fato é que a
diferença entre os 43% de FHC e os 46% acima do qual todos os governadores foram
reeleitos é irrisória. Os dois candidatos a presidente que disputaram a
reeleição se encaixam na regra dos governadores.
. O estudo de 104 eleições para governador e 2 para
presidente serve de alerta para o governo Dilma. A avaliação do governo Dilma
está no limbo. Considerando-se o estudo das eleições para governador, caso a
avaliação caia de três a cinco pontos percentuais, a oposição tende a se tornar
favorita para vencer. Caso a avaliação melhore de três a cinco pontos
percentuais, vá para perto de 40% de ótimo e bom, e caso ocorra com Dilma o
mesmo que ocorreu com Fernando Henrique e Lula – que melhoraram sua avaliação
depois de agosto do ano eleitoral -, ela se torna favorita para vencer. Limbo
vem do latim “limbus”, que significa beira. O governo Dilma está entre duas
beiras, na beira do inferno e na beira do céu. Já Cesar Maia não tem eira nem beira.
Alberto Carlos Almeida, sociólogo, é diretor do Instituto
Análise e autor de “A Cabeça do Brasileiro”. Contato:
alberto.almeida@institutoanalise.com; www.twitter.com/albertocalmeida.