A foto está no livro de Tuma Júnior. Ele aparece com Tarso e Lula, seus chefes durante o governo Lula, quando foi secretário nacional de Justiça. No livro, Tuma Júnior conta como seu pai recrutou Lula e o transformou no alcaguete Barba, o dedo duro da ditadura militar. Ele também conta episódios inéditos sobre o uso que Tarso fez da Polícia Federal para fabricar dossiês contra adversários políticos.
O Blog EXAME Brasil no Mundo conversou com o
ex-Secretário Nacional de Justiça Romeu Tuma Junior. A seguir, vai o material, devidamente editado por esta página. A entrevista completa está no link a seguir. Leia tudo:
Sua experiência como
Delegado de Polícia, como Secretário Nacional de Justiça, e também como
representante da Interpol no Brasil, lhe deram “munição” e inteligência para
discutir profundamente a visão e atuação do serviços de inteligência no país e
no mundo. Romeu Tuma Junior também participou da comissão para o
desenvolvimento do Plano Nacional de Inteligência, que ainda vive em alguma
“gaveta profunda” no Palácio do Planalto.
Brasil no Mundo: Em seu livro, “Assassinato de Reputações
– um crime de Estado”, o senhor apresenta diversas questões sobre a área de
inteligência e suas aplicações no Brasil. Como o senhor analisa o atual
ambiente das atividades de inteligência e da própria ABIN?
Romeu Tuma Junior: (...) Não se pode esquecer de que pertence à ABIN a realização
da Inteligência de Estado. Mas, para isso, a mesma precisa ter prerrogativas,
tal como a possibilidade de fazer interceptações telefônicas em casos de
interesses nacionais. Defendi isto no Grupo de Trabalho (GT) que reavaliou o
SISBIN (Sistema Brasileiro de Inteligência) e que criou a PNI, mas fui voto vencido
pela pressão e oposição da Polícia Federal (PF), que por sinal, sonha assumir
essa atribuição de fazer a Inteligência de Estado (modelo sem precedentes no
Mundo), o que é uma ameaça, pois ela é a polícia Judiciária da União, e dai
sairia uma mistura que poderia gerar um festival de abusos. Na nossa proposta,
o controle seria feito pelo STJ. É preciso fortalecer a atividade,
controlando-a. Nenhum Estado vive sem um Serviço de Inteligência, que deve
pautar-se pelo interesse público. Temos visto distorções em serviços de
Inteligência, principalmente na policial, que passa a servir a interesses de
alguns, para produção de dossiês, análises maldosas e criminosas de contextos
contra desafetos etc. Isto só produz o descrédito da atividade.
(...)
Brasil no Mundo: O governo federal mantém na gaveta há
alguns anos o Plano Nacional de Inteligência. Por quê o Brasil parece ter tanto
medo de um serviço de inteligência?
Romeu Tuma Junior: O Brasil nesse governo, não faz inteligência externa ou
espionagem defensiva. Para eles, os inimigos do País estão aqui dentro e não lá
fora. São os Brasileiros e não os governos estrangeiros. Eles confundem
adversários políticos com inimigos do Estado. É uma visão propositadamente
caolha e inconcebível, enquanto por exemplo a Amazônia está sendo delapidada
por estrangeiros estrategistas travestidos de religiosos, pesquisadores,
educadores, etc., estamos violando sigilo bancário de caseiros, denunciantes e alvos
políticos.
Não somos um país sério nesse seguimento. É isso que se
diz na comunidade internacional de inteligência. Ninguém teme o Brasil.
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