O artigo a seguir é do jornalista Josias de Souza, Folha:
Como previsto, Paulo Roberto Costa, o ex-diretor preso da
Petrobras, moveu a língua. Em troca de redução da pena, ele revela à Justiça
segredos que estavam armazenados abaixo da camada pré-moral da maior estatal
brasileira. O repórter Mario Cesar Carvalho conta que pingaram dos lábios do
delator os nomes de 62políticos que morderam propinas. São 12 senadores,
49 deputados e um governador. Gente filiada a três partidos: PT, PMDB e PP.
Na cadeia, Paulinho, como o depoente é chamado na
intimidade, vinha dizendo que não haveria eleições em 2014 se ele contasse tudo
o que sabe. Enquanto espera pelas novidades, resta à plateia raciocinar com
hipóteses, desde as mais amplas —na pior das hipóteses, a sucessão presidencial
será engolfada pelo óleo queimado, na melhor das hipóteses ficará com óleo pelo
nariz— até as mais específicas.
No caso do que o país pode esperar com uma delação à vera
de Paulinho, o leque das hipóteses é enorme, já que todo mundo tem uma noção do
que foi feito da Petrobras depois que os partidos tomaram a estatal de assalto.
A melhor das hipóteses é que o ex-diretor confirme que o dinheiro saía mesmo
pelo ladrão nos contratos da Petrobras. A pior das hipóteses é que ele informe
que os ladrões entraram nos contratos da Petrobras com autorização superior.
Dependendo do que está por vir, é possível que os
protagonistas do governo tenham que se reposicionar na cena eleitoral. Talvez
precisem fazer pose de administradores ingênuos ou políticos distraídos sendo
usados por salteadores. Este é um governo dos patrimonialistas do PT, do PMDB e
congêneres. Mas quem bota a cara na tevê por eles é a Dilma, quem fica com a má
fama é a esquerda guerrilheira, que combateu a ditadura para acabar como
marionete.
Por sorte, João Santana dispõe de um bom tempo de
propaganda. Na pior das hipóteses, o marqueteiro de Dilma disfarçará os
interesses escusos que se escondem atrás da boa biografia. Na melhor das
hipóteses, ele ajudará a manter a ilusão de que há em Brasília alguém que comanda.