Flávio Tavares pergunta quem é o presidente do Clube da Maldade do Petrolão

O CLUBE DA MALDADE
25 de abril de 20150

FLÁVIO  TAVARES
Jornalista e escritor

Neste artigo escrito para o jornal Zero Hora, Porto Alegre, o jornalista Flávio Tavares faz duas perguntas inquietantes sobre o instituto da delação premiada:

1) A tal “delação premiada” será um prêmio à miserável condição humana? 
2) Ou é a versão jurídica daquela velha e hipócrita sentença de que os meios (perversos) justificam os (nobres) fins?

Leia o que ele pensa sobre o assunto. O texto a seguir vai na íntegra:

Faço-me estas perguntas ao acompanhar a Operação Lava-Jato e ver diretores de empresas (da Petrobras ou de grandes empreiteiras) confessando seus crimes, contando detalhes, apontando cúmplices e comparsas, como se a estratégia, ou finalidade, da vida empresarial fosse o suborno e a corrupção. Quando depõem na CPI, filmados pela TV, mostram-se altivos e sabichões _ sabem o que ninguém sabe e, assim, são os únicos detentores da verdade. Por outro lado, com pose de humildes e arrependidos, empurram a culpa a outros, como se eles fossem apenas simples executores, tais quais aqueles pistoleiros do Nordeste obedientes às ordens do “sinhô coroné”.
Mas, quem são os “sinhô coroné” dessa engrenagem de muitos anos, mantida pelo conluio de empresários privados e políticos, e que desde o século passado alimenta a corrupção em diferentes governos?
***
Agora, oito réus foram condenados no processo judicial pelo superfaturamento das obras da refinaria Abreu e Lima. No emaranhado do escândalo, trata-se da fatia menor que levou a descobrir o assalto maior. Nele, ao se defenderem, os dois artífices da engrenagem mostram a quem serviam. O ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, disse que, ao roubar, “cumpria exigências impostas” pelo Partido Progressista (PP), que o indicou para o cargo. O “doleiro” Aberto Youssef, que “legalizava” a fraude, alegou que “servia ao financiamento de um projeto político de poder”.
Ou seja, roubavam para o Rei Maior, o poder político, através do poder econômico. Eram íntimos da cúpula financeira do trio PT-PMDB-PP e de outros partidos. O butim do assalto financiava campanhas eleitorais, mas também os enriquecia pessoalmente.
Os dois artífices da fraude vão “devolver” à Petrobras mais de 70 milhões de dólares depositados no Exterior. Quanto terão ainda por lá em nome de terceiros?
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O ex-gerente de tecnologia da Petrobras, Pedro Barusco, porém, superou todos os superlativos ao contar minúcias da sordidez que praticava. Como se relatasse uma história de fadas aos netos, confessou publicamente à CPI que já em 1997 (no governo do PSDB de Fernando Henrique) recebia propinas de uma empresa holandesa. Para ele, foi o período áureo. Após 2004 (com Lula da Silva) “a corrupção se institucionalizou” e o butim se repartia entre os partidos da base alugada. Mesmo assim, Barusco amealhou para si próprio mais de 100 milhões de dólares, dos quais “devolverá” 97 milhões (de dólares) depositados na Suíça, “para sentir-se aliviado”.
Essas espantosas revelações voluntárias não esconderão algo ainda mais brutal e inconfessável? Nos tempos da ditadura direitista, a delação arrancada sob tortura era “premiada” ainda com mais tortura, no pressuposto de que quem sabia algo devia saber ainda mais…
***
Agora, os “premiados” delatam seus cúmplices, os quais por sua vez denunciam outros cúmplices, desnudando o clube da maldade. Sim, um clube, (ou cartel, na linguagem apropriada) em que as licitações se combinam entre as empresas “concorrentes”, numa falsidade total destinada a obter vantagens e enriquecer às pressas.
Paulo Roberto e Youssef encabeçam os oito agora condenados no menor dos processos do escândalo. O ex-diretor, preso em casa até outubro, ficará em “regime aberto” e em dois anos talvez esteja solto, beneficiado por “bom comportamento”. Idem com o “doleiro”, mesmo preso em “regime fechado”.
Não basta apenas ter um juiz firme e justo quando a lei, eficaz mas imoral, no fundo, alimenta o clube da maldade.


3 comentários:

Anônimo disse...

Tem uma coisa difícil de compreender. A Presidente, os Senadores e os Deputados Federais não estão sendo julgados, em Curitiba, em razão da imunidade, e são protegidos pelo STF. Mas e o Lula? Lula hoje não ocupa nenhum daqueles cargos políticos, podendo a Justiça Comum e a Justiça Federal julgá-lo, como um cidadão comum, sem qualquer autorização da Corte Maior. Então qual a dificuldade para que seja denunciado e se torne réu em um processo?

Anônimo disse...

Nunca o Lula e Dilma estiveram tão perto da cadeia, por isso os petralhas do STF resolveu soltar o pessoal das empreiteiras, alguém dos empreiteiros tem a bala de prata que iria colocar os dois atrás das grades!

Anônimo disse...

O Flávio Tavares defendeu essa turma para assumir o governo. Agora está contra eles...Imaginem se em 64 essa turma conseguisse tomar o poder. Estaríamos pior do hoje. Flávio criticando essa turma. Ele está sempre na boa....Não era comunista, não era e nunca foi Petista, nunca fez nada. Qualquer hora será condecorado por defender os militares...Para com isso Flávio.

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