Artigo, Henrique Meirelles, Folha - Concessão ao bom senso

O Brasil passa por momento econômico difícil. Podemos ter uma das piores recessões das últimas décadas. Até as vendas do varejo, ponto de resistência da economia, estão caindo.

Se o ajuste for completo e bem-sucedido, o país pode voltar a crescer nos próximos anos, mas a taxas relativamente baixas. Tudo correndo muito bem, o país entra em 2017 com crescimento baixo e o mesmo nível de produção do final de 2014.

Para crescer a taxas mais elevadas, serão necessárias reformas que promovam avanços nas áreas tributária, trabalhista, burocrática, entre outras, e elevem a produtividade da economia.

A reforma mais viável e de efeito mais rápido é a mudança das regras de concessões de infraestrutura. O crescimento na década passada gerou grande demanda por transportes e energia, capaz de sustentar retorno atraente aos investimentos. Dada a grande disponibilidade de recursos no mundo, o Brasil tem condições de obter mais de R$ 100 bilhões para a infraestrutura.

Mas é preciso entender as tentativas fracassadas dos últimos anos, quando, ao tentar controlar o ganho dos investidores, foram fixadas taxas máximas de retorno abaixo dos níveis que justificassem investimentos. Para viabilizá-los, o governo ofereceu recursos do BNDES.

Foi uma combinação que deixou o investidor em situação desconfortável, com seu retorno e seu acesso a capital controlados pelo governo. Isso prejudicou pilar básico numa economia de mercado: o apetite de investir. Existiram também problemas específicos, como nas grandes hidrelétricas, onde se exigiram regras de desempenho durante a construção que seriam adequadas só ao final das obras.

Agora o governo discute novos modelos de concessão, e autoridades sinalizam mudanças realistas e na direção correta, com as taxas de retorno sendo decididas por livre competição. Ganha a concessão quem oferecer melhores condições para o governo e para a prestação de serviços à sociedade.

Se esse modelo for viabilizado, abrirá via importante aos investimentos e ao crescimento. No primeiro momento, os investimentos geram aumento de demanda. Depois, reduzem o custo Brasil e aumentam a oferta.

A oportunidade está aí. Pelas experiências brasileira e mundial, já ficou claro o modelo que funciona: regras que levem à escolha dos investidores com os melhores preços e condições de investimento. A partir daí, deixa-se o mercado funcionar normalmente. Outra alternativa seriam investimentos públicos, mas não há recursos. O caminho, portanto, é claro.


Esperamos que o governo tenha o bom senso e a sabedoria de fazer o óbvio –deixar que o nível de competição determine quem serão os vencedores dos leilões das concessões. 

2 comentários:

Anônimo disse...

Com este governo ilegitimo, eleito pelas urnas fraudadas da Smartimatic venezuelana, estas possíveis concessões de infraestrutura poderão ser questionadas num futuro próximo. Acho que estão invertendo prioridades.
Primeiro remove-se o governo ilegitimo, depois discute-se concessões.

Emmanuel disse...

Ajuste ?
Ajuste ?
Pois eu queria saber o que esses economistas aprendem nas faculdades, embora eu tenha certa desconfiança.
Quando essas "sumidades" falam, só conseguem ver uma forma de promover ajustes: cobrando impostos!
Então, se mais esse letrado tivesse juízo, diria o óbvio: para "ajustar" alguma coisa ao mundo civilizado, o Brasil precisa reduzir enormemente sua máquina estatal ... demitir vagabundos, acabar com benesses sem origem, acabar com subsídios tolos e .... cortar impostos !
Ouviram? Cortar impostos ! Porque não é engordando ainda mais essa camarilha de ladrões que nós vamos ver o brasileiro progredir.
Então ... sumidades ... peguem o bloquinho de rascunho e escrevam cem vezes: vou cortar impostos ... vou diminuir a máquina.
Caso contrário, que procurem outro emprego ... mas em qualquer deles ... exceto no governo ... eles vão descobrir que o gás mais venenoso do cigarro é o imposto; que o componente mais tóxico da bebida é imposto ... que o gosto mais amargo da comida é o imposto ... e assim por diante. Vamos lá! Fazer lição de casa, bando de alienados.

https://api.clevernt.com/e46a5348-350f-11ee-9cb4-cabfa2a5a2de/https://api.clevernt.com/e46a5348-350f-11ee-9cb4-cabfa2a5a2de/