Crônica de Sexta, Vitor Bertini - Olindas

Olinda e Maria Olinda se conheciam de troca de olhares, acenos de cabeça e informações de terceiros, há muitos anos. Nunca haviam conversado. Coisas da vida.

Moradoras da mesma rua, esposas de seus maridos, mães de seus filhos e donas de suas casas; com lenços na cabeça e casaquinhos para o frio, quando uma vinha, sempre, a outra já tinha ido.

Passaram-se os anos, os filhos ganharam mundo, levaram os netos junto, e os maridos, esta espécie morredoura, cumpriram seus destinos. Em suas casas, cuidando de tudo, ficaram as Olindas.

Certa tarde, diz a história, uma delas, parada na calçada em frente à sua casa, viu a conhecida vir em sua direção.

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