Opinião - omissão do governo e da justiça do RS levaram á farra do ópio no Presídio Central

A ilustração é do jornal Zero Hora.

CLIQUE AQUI para examinar os videos obtidos pelo Diário Gaúcho. 

Em editorial principal do seu jornal, a RBS descreve que o mais chocante do vídeo que mostra apenados realizando uma festa para cheirar cocaína no interior do Presídio Central de Porto Alegre é a constatação de que as drogas _ assim como os celulares e até mesmo armas continuam tendo trânsito livre na maior casa prisional do Estado.

. A RBS equivoca-se.

. O mais grave é a falha total da política de segurança pública do atual governo do PT e dos governos anteriores de todos os Partidos, sobretudo em relação ao degradante sistema carcerário do RS, um dos piores do mundo, objeto até de reprimendas da OEA. 

. As autoridades do Governo e do Judiciário não cansam de informar que gangues apoderaram-se da administração do Presídio Central e que elas nada podem fazer - e não fazem. 

. Há muito tempo que este é um caso de calamidade pública no RS e deve ser resolvido com medidas rápidas, profundas, heróicas, eficazes e decididas. O tumor mais amplo só será resolvido com mudanças radicais no Código Penal, Código de Processo Penal e Lei de Execuções Penais,  entre elas a redução da maioridade penal, a pena de morte, o fim da progressão de penas e a exigência do trabalho forçado.

. Leia o editorial da RBS, que é oportuno, mas ainda é muito escapista.

As cenas de presos fazendo fila para consumir carreiras de pó contrastam com as campanhas pela desativação da penitenciária, reconhecida como a pior do país por causa da superlotação e das condições precárias da casa, cuja demolição tem sido prometida por sucessivos governos.

É inquestionável que sentenciados sob a guarda do Estado merecem tratamento digno, ainda que parcela expressiva da população, especialmente as vítimas da criminalidade, defenda a exposição ao sacrifício como pena adicional. O que não se pode entender, nem admitir, é permissividade do consumo livre de drogas no interior das celas, como se vê no vídeo divulgado ontem _ provavelmente gravado por um dos participantes da reunião festiva.

O mínimo que se pode concluir do inusitado vídeo é que houve falha grave na revista e no controle de entrada de objetos para o uso dos presos. Infelizmente, como lembra o juiz da Vara de Execuções Criminais da Capital, Sidinei Brzuska, o ingresso de entorpecentes não é incomum.