Nesta entrevista de página inteira concedida ao jornal "Folha de S. Paulo" de ontem, o empresário gaúcho Marcelio Bolognesi disse que ao criar uma nova fronteira para o gás natural no Brasil, ele se transformou num dos empresários mais ousados no setor de energia. Dono dos
dois maiores projetos de usinas termelétricas, Bolognesi decreta a
inviabilidade da continuidade da matriz hidrelétrica.
No fim de novembro, Bolognesi conseguiu emplacar no
leilão realizado pela CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica) dois
projetos que, quando prontos, serão as maiores termelétricas do país.
As duas usinas, uma em Pernambuco e outra no Rio Grande
do Sul, terão 1.238 megawatts de potência cada uma, o que representa cerca de
10% da capacidade instalada da usina de Itaipu.
Sem poder contar com a Petrobras para a entrega do gás,
para viabilizá-las, o empresário precisou projetar dois terminais de
gaseificação, que ficarão ao lado das usinas, e firmar contratos de 25 anos
para a compra do gás fora do Brasil.
Ele conta que precisou convencer os fornecedores a
aceitar o prazo, algo incomum no exterior, mas exigido pela legislação para
projetos de termelétricas.
A seguir, entrevista editada para os leitores por Bolognesi, contando seus objetivos e suas
expectativas para o setor elétrico. com ênfase para o que interessa ao RS.
Folha - Há uma mudança de paradigma com a construção de
novas usinas a gás, algo que era inviável pela restrição de oferta por parte da
Petrobras?
Ronaldo Marcelio Bolognesi - A mudança radical está
no fechamento de um contrato de 25 anos de fornecimento de gás, o primeiro
feito no Brasil. Nosso fornecedor é do golfo do México. Esse contrato foi feito
por uma exigência da EPE (Empresa de Pesquisa Energética) para o leilão.
Somos o primeiro grupo que conseguiu um contrato nesse
prazo com um preço competitivo para ganhar o leilão. Isso demandou uma mudança
na nossa filosofia e até na do fornecedor.
Quanto tempo levou a maturação do projeto?
Os projetos demoraram cinco anos para sair do papel
As novas unidades de gás podem torná-lo um concorrente da
Petrobras?
Não queremos e nem conseguimos tirar fatia da Petrobras
no mercado de gás. Apenas estamos aumentando um pouco a oferta. Cada terminal
tem capacidade de 14 milhões de metros cúbicos por dia. As duas termelétricas,
uma em Rio Grande (RS) e outra em Suape (PE), consumirão 6 milhões por dia cada
uma. Sobram 8 milhões [9% da oferta atual], que podemos destinar para outras
atividades. No consumo do país, não é grande coisa.
Foram vendidos no leilão 49% da energia que será gerada
pelas duas usinas. Isso é suficiente para financiá-las?
Para nós, o leilão foi um sucesso. Conseguimos por um
preço quase no teto [R$ 206,5, ante R$ 209 por MWh]. Não dá para se queixar.
São dois projetos que serão estruturados com essa receita de 25 anos. Além
disso, essas usinas, de pouco mais de R$ 200 (por MWh), ocuparão o lugar de
térmicas que custam mais de R$ 800/MWh, de forma mais sustentável.
Ao lado das usinas, o grupo está construindo duas
unidades de gaseificação. Isso deve restringir os próximos projetos no setor
elétrico?
Atualmente, temos PCHs (pequenas centrais hidrelétricas)
no nosso portfólio. A questão é que somente no último leilão as tarifas
compensaram os riscos, principalmente os geológicos, desses projetos. O
empresário precisa ter uma remuneração que compense esses riscos.
a transmissão não aguenta, por causa da intermitência do
vento.
Quantos projetos do grupo estão em andamento neste
momento?
Temos 15 usinas gerando, em todos os segmentos. De
térmicas a óleo combustível, no Ceará, a um parque eólico no Rio Grande do
Norte. As novidades estão por conta dessas duas novas usinas com GNL (Gás
Natural Liquefeito) importado.
Um comentário:
Políbio,
Com os governos de Centro-esquerda e Esquerda, o Brasil abandonou as energia renováveis(hidroelétrica s e alccol carburante)
Voltamos a decada de 60(pré-64) para queimar petróleo e derivados.
Parece mentira, mas estamos voltando para apagar tudo que foi feito pelos governos militares.
Qualquer dia implodem Itaipu!!
JulioK
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