Caso Bernardo Boldrini - A intimidade devassada

A mídia comete um erro terrível em relação ao pai e ao menino.


Sylvia Debossan Moretzsohn é jornalista. O artigo a seguir foi publicado no site Observatório da Imprensa. o editor tem alertado para a manipulação da opinião pública por parte da polícia e da mídia. Madrasta e cúmplice parecem definitivamente comprometidas, mas não é o caso do pai.  A seguir, trechos selecionados. No link, todo o texto.

As cenas domésticas foram gravadas pelo próprio pai, em seu celular, e capturadas pela polícia, que as forneceu à imprensa, que por sua vez as divulgou sem pestanejar. Ninguém desconhece essa linha direta que alimenta o voyeurismo. A fonte – no caso, uma fonte oficial – dá as cartas: detém as informações e as libera a conta-gotas, conforme seus interesses. A imprensa adere alegremente a esse jogo, vendendo a história como uma novela, de modo a criar expectativas para as cenas dos próximos capítulos.
O mais grave, aqui, é que se devassa a intimidade das pessoas e isso, aparentemente, é considerado perfeitamente normal. Talvez porque se considere que essas pessoas não merecem respeito, já que teriam cometido um crime bárbaro. De fato, este costuma ser o comportamento prevalecente entre os jornalistas: ignorar os limites impostos pelo Direito, uma vez convencidos da culpa dos acusados.
Mas, neste caso em particular, desrespeitam até mesmo o menino morto, exposto arbitrariamente em toda a sua angústia e revolta. Retiram-lhe o direito de preservar sua imagem.
Será possível que ninguém pensou nisto?
Intenção e gesto
A esta aberração se junta outra, muito comum quando as investigações se transformam em espetáculo: as conclusões automáticas e precipitadas, por mais absurdas que sejam
(...)
É curioso esse processo que faz as pessoas acreditarem na literalidade das palavras, como se qualquer um, no calor da hora, não fosse capaz de rogar pragas ou fazer as mais incríveis ameaças. Como se não houvesse metáforas nem distância entre intenção e gesto.
Pior ainda: quando a madrasta diz que “teu fim vai ser igual ao da tua mãe”, o advogado da avó materna de Bernardo conclui tratar-se de uma evidência de que a mãe do garoto não se suicidou, mas foi assassinada pelo pai, quatro anos atrás.
(...)
As escolhas certas vão na contramão do exibicionismo no caso Boldrini. Fazer jornalismo não é ceder à tentação do espetáculo.

CLIQUE AQUI para ler tudo.

Sylvia Debossan Moretzsohn é jornalista, professora da Universidade Federal Fluminense, autora de Repórter no volante. O papel dos motoristas de jornal na produção da notícia (Editora Três Estrelas, 2013) e Pensando contra os fatos. Jornalismo e cotidiano: do senso comum ao senso crítico (Editora Revan, 2007)

16 comentários:

Anônimo disse...

O editor é a única pessoa no Brasil que acredita na inocência do pai. Polibio sempre na contramão.

Anônimo disse...

Já aconteceu e frequentemente acontece, a destruição de vidas!

Julgamento público de inocente.

A mídia brasileira gosta disto, mas as vezes um deles também se submete a isto.

NÃO DÁ MAIS PRA ASSISTIR TV ou ouvir rádio, do contrário se fica neurótico.

Mordaz disse...

Na verdade as palavras que a madrasta proferiu em tom de ameaça a criança ela planejou e concretizou totalmente. E o pai não a recriminou em nenhum momento enquanto ela proferia a sentença de morte.

Anônimo disse...

É Políbio, nunca a imprensa foi tão fiel a Jean-Paul Marat como nesta última década.

Anônimo disse...

Em matéria de manipulação, jogar umas pessoas ou grupo de pessoas umas contra as outras, pregar preconceito e ódio, plantar hipóteses para colher oposições, ser sensacionalista, levantar suspeitas, praticar desinformação, articular idéias para benefício próprio, evitar o contraditório, ter total falta de bom senso, criar crises e pensamentos negativos e pessimistas, ser reacionário e simplista, é tudo que o Editor deste blog, assim como uma parte da sociedade responsável pela comunicação e uma boa parte da imprensa, faz todos os dias! Estão guspindo para cima ou no próprio prato, estão criando uma sociedade grenalizada, antagônica, um contra o outro, rebeldes de opinião oposta. Enfim, estão semeando um país intolerante. Se hoje acham que estão no controle, a história nos demonstra que seus filhos pagarão com revoltas populares e guerras.

Polibio Braga disse...

Um leitor diz que a madrasta cumpriu o que ameaçou e o pai não a recriminou.
Digamos que ele não tenha recriminado naquele momento, mesmo fora da gravação.
Isto por acaso autoriza a apontá-lo como cúmplice ?
Pais em situações semelhantes, diante de conflitos entre madrasta e filho, tentam contemporizar e até mesmo ficar contra ele e a favor da mulher.
Isto significa que deve ser acusado de assassino ?

Fernandez disse...

Jornalismo sensacionalista sempre existiu, mas atualmente virou uma praga.
Ninguém quer perder audiência e se para isso for preciso sacrificar a ética e exibir capítulos de uma tragédia familiar real como se fosse um espetáculo, que seja.
Pela audiência exibem o menino de faca na mão, jogam os holofotes em cima do advogado bobalhão da avó, da delegada, dos promotores e até dos vizinhos.
O perigo disso tudo são as conclusões precipitadas e levianas sobrepondo-se a uma investigação mais cuidadosa e profunda sobre a culpa, ou não , deste pai.


Anônimo disse...

Aquela madrasta é uma assassina fria e cruel, sem dúvidas, mas quando ela falou: " vc vai ter o mesmo fim da sua mãe" não foi ,absolutamente, uma confissão de que eles teriam assassinado a mãe do garoto.
Eu acredito na tese de suicídio,e de problemas emocionais severos que a madrasta comparou com os problemas do menino, daí a frase " o mesmo fim de sua mãe".
Ou uma criança que ameaça o pai com facão não tem problemas emocionais?

Anônimo disse...



A MADASTRA DISSE Q PREFERIA APODRECER NA CADEIA, ETC...., POIS A SOCIEDADE (OS JURADOS E JUIZ) DEVEM FAZER AS VONTADES DELA, MAS JUNTO COM O SEU AMOR, O MARIDO.

Anônimo disse...

Veja e Editor, tudo a ver. Pimenta nos olhos dos outros é açucar. Revista Veja contrata arapongas (carlinhos cachoeira) para vasculhar a vida de politicos (inimigos) e poe os amigos (DEMOstenes Torres) nas páginas amarelas. Tá explicado.

Nádia disse...

Existe prova: o pai mentiu sobre o menino ter levado o celular...
E ligou pro celular diversas vezes, sabendo que o celular
estava em casa..!! Sabia que o celular estava no quarto do
menino...Por que ficou ligando?
O pai fez acordo, via advogado,
pra ficar "liberado" e financiar a defesa dos coleguinhas de
crime.. Sabe-se que defesa criminal é bem cara.
Isso eu lembrei assim por alto,
mas tem mais.
Se não bastasse a materialidade
desses "detalhes", não precisa
ser "muito" psicólogo, pra
enxergar o pai deixando a madrasta
assumir a frente no trato cada vez
mais agressivo com o garoto.
Não se trata dos videos.. Tem que olhar as fotos, o menino
aparece atrás, quase uma sombra, nas fotos, conforme foi crescendo.
Prestar atenção nas declarações da madrasta e dele próprio.
Eu diria até, com base em diversos materiais e não só nos videos,
que o pai incitava o menino com a
esperança de que ele cometesse
um ato de loucura, atacasse a madrasta ou ao nenê, para poder
recolhê-lo a alguma instituição ou ainda que se matasse...
Isso está muito claro em toda a trajetória..
Isso fica claro nos vídeos mas não por causa do que aparece e sim
pelo que não aparece.
Imagine-se alguém que atira na cara do filho pré-adolescente
que a mãe o abandonou..só pode estar buscando construir um louco
ou um criminoso... Mesmo que isso fosse verdade. Mas
imagine-se o que esse pai que diz isso (que já deixou muitas pessoas
apavoradas) após ter ligado uma câmera pra gravar,
diz e faz quando a câmera não está ligada...?
Esse leandro é o pior tipo de mentor que pode
existir. Caso, e somente caso, não o tenha feito
explicitamente, fê-lo de mil maneiras sutis.. Queria um efeito
de "supressão" do garoto da vida dele.. e trabalhou nisso. E
não queria só que o garoto saísse de sua vida.. Se assim quisesse o
teria entregue pra outros. Os padrinhos já tinham querido
ficar com o menino. Não. O afastamento puro e simples teria
implicações econômicas que ele não queria enfrentar. Ele
queria um efeito de supressão que, afora algum evento mágico,
teria que ser criminoso mesmo. Ele não pretendia com certeza
fazê-lo com as próprias mãos.. Contava com as mãos do garoto,
ou da lei, ou quem sabe... da piriguete.. E, convenhamos,
através dela, com seu tipo de trabalho, era meio que possível
unir o ato criminoso ao mágico.. já que ninguém precisaria dar
um tiro no menino... A medicina tem esse aspecto de quase
mágica na rapidez e limpeza com que consegue suprimir o
problema da vida de alguém.
Parece que estão fazendo questão de esquecer que há um
forte aspecto econômico relacionado a esse assassinato.
Estão tratando-o apenas como efeito de emoções descontroladas...
Teve muito tempo de desenvolvimento de racionalidade na base
dessa morte.. O descontrole emocional só apareceu por conta do
resultado da análise racional...

Espero muito que esse crápula seja punido (com a pouca punição
que a inJustiça deste país oferece), mas não apenas porque
ele me desperta revolta. Pra chamar atenção da maior quantidade
possível de pessoas, o estado de insegurança a que estão sujeitas
as crianças dentro dos lares.. (não só as crianças, mas os
indefesos de uma forma geral) no país da impunidade.
Se crimes desse tipo são possíveis
e ocorrem em todos os
países do mundo, no país da
IMPUNIDADE, este em que vivemos..
acontece muito mais.
Só nos últimos tempos
dá pra se contar uns cinco ou
seis, só aqui no RS. Estou
considerando apenas os
de crianças com conotação de cinderela (inclusão
padrasto/madrasta) e não
relacionados a outros "indefesos".
Isso tem que ser gritado. Muito alto.
Discordo sr Políbio de que a mídia está fazendo um alarde negativo..
Pelo contrário. Não fosse a mídia,coisas assim ocorreriam mto mais.

E por fim: DIGNIDADE DO MENINO MORTO...(?) Quem escreveu isso
deveria se envergonhar... DIGNIDADE DO MENINO MORTO...??
Desrespeitando o menino morto? Esse argumento me dá arrepios e vergonha...

Anônimo disse...

O EDITOR NÃO É O ÚNICO A ACREDITAR NA INOCÊNCIA DO PAI, NESTE CASO ESTÁ HAVENDO UM EFEITO MANADA, TIPO GADO NO CAMPO, ONDE VAI OS PRIMEIROS TODOS OS OUTROS O ACOMPANHAM, A POLICIA E MÍDIA APONTAM O PAI COMO RESPONSÁVEL MAS AS EVIDENCIAS POR SI SÓ NÃO SE SUSTENTAM SE TIRAREM ESTE CASO DAQUI COM CERTEZA O PAI SERÁ INOCENTADO, DEPOIS DESTA EXPOSIÇÃO TODA ATÉ MEU CACHORRO CONDENA O PAI.

EDUARDO MENEZES

Anônimo disse...

Causa dor e revolta tomar conhecimento de tanta maldade que esse pobre menino passou,
convivendo com um madrasta má e gananciosa e um pai desalmado, que não lhe dava apoio e carinho. Como pôde se ver, ele calma e sadicamente, parecia se divertir, enquanto gravava o suplício do filho!
Pobre Bernardo!

Anônimo disse...

E se fosse seu neto? Segredo ou apoio de 400 mil usuarios do FB?

Anônimo disse...

INFELIZMENTE MEN REVISTA NÃO DÁ MAIS PARA LER............QUANTA HIPOCRESIA!!!!!!!!!!!!!!!

Anônimo disse...

NEM REVISTA NÃO DA MAIS PAPA LER.............

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