A conta dos preços mais altos é paga por quem ganha menos

* Clipping. Título original: E agora, BC? por Thais Herédia

O IPCA de março chegou. Ele foi de 0,47%, segundo o IBGE. Era o dado que faltava para que o Banco Central decidisse o que fazer com os juros na reunião do Copom da próxima semana, segundo seu próprio presidente, Alexandre Tombini. Eles terão esse tempo para fazer cálculos, “rodar” o modelo de projeções do BC, pensar, pensar muito. Será suficiente para decidirem? Depende.

Depende do quê o BC vai levar em consideração. Vou citar quatro dos principais elementos dessa escolha. O primeiro deles é a inflação acumulada em 12 meses. Com o índice de março, ela ultrapassou o temido teto da meta (6,5%) e fechou em 6,59%. Será que o Copom fica confortável em deixar a inflação rodando assim tão alta até conhecer o dado de abril para ver se alguma coisa mudou? O segundo elemento é o núcleo da inflação – porque ele desconsidera a movimentação de preços que é sazonal ou casual, ou seja, que só aconteceu naquele período. Pois bem, a média do núcleo do IPCA de março está em 5,28%, bem acima do centro da meta de 4,5%. Em terceiro lugar, o índice de difusão da inflação, que mostra o quanto a alta dos preços está espalhada pela economia. Em março, a difusão diminuiu em comparação a fevereiro, passando de 72,3% para 69%. O BC considera esse patamar alto ou aceitável? O quarto elemento importante é o comportamento de grupos de preços que têm relevância no cálculo da inflação. No caso do IPCA, importam muito os alimentos e os serviços. 

A boa notícia de março é que a inflação de serviços caiu para 0,26%, diante de 1,30% no mês anterior. A má noticia é que os preços dos alimentos não baixaram quanto poderiam, por exemplo, por causa da desoneração dos produtos da cesta básica. 

Há um outro elemento que precisa entrar na conta do BC mas que não é do IPCA calculado pelo IBGE – a inflação para população de baixa renda ficou em 0,75% no mês passado, segundo IPC-C1, índice da FGV. O que dá 7,15% no acumulado em 12 meses. Esse é o retrato mais perverso da inflação – a conta sendo paga por quem ganha menos. O que está em jogo não é apenas a credibilidade do BC junto aos economistas ou ao mercado financeiro e sim, qual é o equilíbrio da economia desejado pelos responsáveis pela estabilidade da moeda. Mexer nos juros agora em maio ou não fazer nada é um risco que se corre diante da desarmonia que já está presente.

3 comentários:

Anônimo disse...

quem ganha menos vota nessa gente que esta ai...

portanto...

Anônimo disse...

E é essa mesma parcela do eleitorado que dá aos governichos do PT altas taxas de popularidade ...

Tem mais é que se ferrar mesmo, bem feito !

Anônimo disse...

O certo mesmo é que a Dilmá proibiu o BC de aumentar os juros.
Também é certo que a outra maneira de combater a inflação que é utilizar os recursos públicos com austeridade não fazem parte do receituário da Dilmá.
Deste jeito não tem solução.
Também o PT foi contra o Plano Real e vai fazer de tudo para acabar com ele e depois dizer que a culpa é dos americanu.

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