Artigo - O time do ministério pode vencer o campeonato dos presidiários

Artigo - O time do ministério pode vencer o campeonato dos presidiários
Site da revista Veja - 5 de Novembro de 2009
por Augusto Nunes

Lula não estará exagerando se, num dos improvisos depois do almoço, afirmar que nunca antes neste país tantos casos de polícia foram ministros de um mesmo presidente da República. Tem tudo para brilhar no campeonato dos presidiários o timaço convocado pelo critério do prontuário e escalado no esquema 171 + 2: José Dirceu; Romero Jucá, Anderson Adauto, Humberto Costa, Saraiva Felipe, Edson Lobão, Silas Rondeau e Walfrido Mares Guia; Antônio Palocci; Alfredo Nascimento e Luiz Gushiken. Ainda no banco de reservas, gente muito promissora, como Orlando Silva, logo estará fazendo bonito na equipe titular.
A dupla de candidatas à vaga que será aberta em abril, quando Dilma Rousseff deixar de vez a chefia da Casa Civil para concentrar-se na campanha presidencial, informa que Lula resolveu investir na formação de um time feminino igualmente temível. Ainda restrito a Benedita da Silva e Matilde Ribeiro, o elenco vai incorporar Erenice Guerra ou Miriam Belchior, que já ocupam cargos de confiança na Casa Civil. Erenice, assessora de Dilma desde o Ministério de Minas e Energia, comanda a Secretaria Executiva. Miriam é a subchefe de Articulação e Monitoramento, além de coordenadora do PAC.
Como o noticiário sobre as possíveis herdeiras de Dilma tem parado por aqui, os leitores ficam sem saber que ambas disputam o posto anabolizadas por serviços especiais prestados ao PT e bastante valorizados pelos Altos Companheiros. Erenice, por exemplo, conduziu a montagem dos dossiês que tentaram reduzir Fernando Henrique Cardoso e Ruth Cardoso a perdulários irresponsáveis. Negou a autoria da abjeção com a candura dos depoentes profissionais ─ que voltaria a exibir na última da Dilma. Embora tenha combinado com Lina Vieira o encontro com a chefe da Casa Civil, Erenice continua jurando que nem sabe direito como se chega ao prédio da Receita Federal.
Miriam estreou nas páginas político-policiais em janeiro de 2002, depois do assassinato de Celso Daniel. Ex-mulher do prefeito de Santo André, foi ela quem lhe contou que ex-assessores andavam embolsando o dinheiro arrecadado nos porões para financiar campanhas do PT. Conversas estranhas entre Miriam e Gilberto Carvalho foram gravadas pela polícia em fitas providencialmente destruídas.
As duas estão a um passo do primeiro escalão federal não pelo que pensam ou fazem, mas pelo que sabem e não contam.

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