Conheça a verdade sobre as novas reservas de petróleo


OPINIÃO DO LEITOR

Faltava um editorial como este da Folha de S.Paulo para que se façam algumas reflexões a respeito do que se escreve sobre as reservas de petróleo do pré-sal, onde acertadamente a Folha diz estar “imerso em demagogia e falta de informação”.

1. Demagogia da turma do Lula, cascatear que os recursos das ricas reservas vão resolver todos os problemas da miséria. Primeiro que é demagogia mesmo porque tais recursos só virão o dia que conseguirmos viabilizar reservas a 7.000 metros de profundidade, em poços 300 km afastados da costa.


2. Essas reservas somente se transformarão em dinheiro após serem retiradas e vendidas. E quem pode afirmar que vai sobrar para exportar? Como lembra a Folha, a demanda causada pelo crescimento econômico – único capaz de libertar essas massas do bolsa-esmola do Lula – é capaz de consumir toda a produção.

3. E os recursos para tal exploração?

4. E a IV Frota? Acho uma perda de tempo ficar discutindo isso. Não vai ser por andar uma frota americana pelo Atlântico Sul que vai aumentar ou diminuir as ameaças à nossa soberania. O poderio das forças armadas dos Estados Unidos é tão grande que as pressões podem ser feitas sem a presença física.

5. O que deve nos preocupar é a nossa dependência no capital externo. 35% da Bovespa está nas mãos dos investidores estrangeiros. Isso é ameaça à soberania.

6. O que deve nos preocupar é evitar que essas reservas sejam usadas por esse pessoal para eternizar Lula no poder através de métodos como o Chávez está aplicando na Venezuela.

Péricles da Cunha


Oceano de dúvidas
Imerso em demagogia e falta de informação, debate sobre o pré-sal precisa seguir um roteiro de esclarecimentos
FALTA INFORMAÇÃO e campeia a demagogia nas discussões sobre a nova fronteira petrolífera brasileira. Um roteiro mínimo de esclarecimentos deveria ser perseguido para tirar das profundezas esse debate - talvez o mais importante a ser enfrentado pela sociedade em décadas. Um roteiro como o sugerido abaixo.1. Capacidade dos novos campos. O petróleo abaixo da camada de sal vai ampliar as reservas, hoje de 14 bilhões de barris, o suficiente para tornar o Brasil um grande exportador?Sem segurança sobre esse dado, o debate não sairá do labirinto das especulações. À diferença de nações como a Noruega e a Arábia Saudita, o Brasil tem dimensão continental, é populoso e seu desenvolvimento não pode prescindir de uma base industrial diversificada. O consumo brasileiro de energia, hoje muito baixo, tende a crescer nas próximas décadas, e talvez não sobre tanto petróleo para exportar.2. Custo de extração. Qual o tamanho do investimento para retirar o petróleo -e também o gás- armazenado a 7.000 metros de profundidade, em poços 300 km afastados da costa?A resposta a essa questão é fundamental para saber a partir de que cotação internacional o novo manancial brasileiro será rentável. Não há precedentes, na indústria petrolífera mundial, para uma exploração maciça sob parâmetros tão severos.3. Controle de produção. Que argumento o governo federal invoca para determinar o ritmo de exploração e os volumes de comercialização do óleo extraído das novas jazidas?No modelo em vigor no Brasil, essa é uma decisão da empresa concessionária. Em geral, os governos que passam a exercer diretamente o controle empresarial da exploração procuram influir na cotação internacional do produto, caso clássico do cartel da Opep. Não por acaso, nessas nações a tutela sobre o petróleo coincide com graus elevados de concentração do mando político. A sociedade brasileira estaria disposta a conceder tanto poder a seu governante de turno? Sob que garantias institucionais?4. Mobilização do capital. Dado que os recursos do subsolo se tornam riqueza apenas quando são retirados e vendidos, como o governo pretende reunir os capitais necessários para dar início à exploração do pré-sal?O sistema de concessões em vigor dá uma resposta satisfatória a essa indagação, pois permite que as maiores empresas do mundo se associem -em geral a Petrobras é uma das sócias- e busquem dinheiro no mercado para investir nas jazidas. Na hipótese da criação de uma estatal, obrigada a investir em todos os campos do pré-sal, o governo teria de capitalizá-la de algum modo. A operação implicaria, de início, elevação substancial da dívida pública e do déficit fiscal.5. Destinação da renda. Como serão alocados os recursos fiscais oriundos da exploração?Se há consenso em que a tributação nos novos campos deve ser elevada, pois é baixo o risco de não encontrar petróleo, o destino desses impostos não é questão trivial, como soa na retórica demagógica do presidente Lula.Transformá-los todos em despesa corrente, a pretexto de "resolver definitivamente os problemas da educação", seria catastrófico para as atividades não-petrolíferas -sem as quais não haverá emprego e renda para assegurar a prosperidade de 200 milhões de brasileiros. (
editoriais@uol.com.br)

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