Palavra dos candidatos não pode ser a banalidade que não
indica rumos e oculta os desafios.
Norberto Bobbio, em artigo de 1993, sublinhou que a
democracia necessita de confiança – “a confiança recíproca entre os cidadãos e
dos cidadãos nas instituições”. Essa confiança se esvai em diversos países, por
diversificados motivos. Por isso a questão da democracia hoje é “a da
reconstituição dos laços de confiança entre governos e governados”, como aponta
Fernando Henrique Cardoso em seu recente Crise e Reinvenção da Política no
Brasil.
Uma das causas da perda de confiança é a corrupção. Com
efeito, a transparência (que traduz a exigência democrática do exercício em
público do poder comum, como ensina Bobbio) tem revelado, em função da Lava
Jato, uma sistêmica e ilícita associação entre o poder e o dinheiro, e a
existência de uma surpreendente corrupção em larga escala. E a corrupção, para
evocar a clássica lição de Políbio, é um tenaz agente da decomposição e
cupinização das instituições públicas.
A corrupção mina o espírito público, como aponta Raymond
Aron em Democracia e Totalitarismo.
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