O IPCA subiu 0,35% em junho, de acordo com os dados
divulgados hoje pelo IBGE. O resultado ficou ligeiramente abaixo das projeções de bancos como o Bradesco, e ficou abaixo da mediana das expectativas do mercado, ambas de 0,37%, segundo
coleta da Bloomberg, marcando uma desaceleração em relação à elevação de 0,78%
registrada em maio.
Dessa forma, a variação acumulada em doze meses do IPCA
arrefeceu de 9,32% em maio para 8,84% no mês passado.
Eis como os economistas do Bradesco analisam o IPCA:
A desaceleração do indicador foi generalizada, com sete
dos nove grupos exibindo elevações menos intensas no período, com destaque para
habitação, que passou de um avanço de 1,79% para outro de 0,63%. O movimento
refletiu a dissipação dos reajustes das tarifas de água e esgoto. Além disso,
saúde e cuidados pessoais também registraram desaceleração importante,
oscilando de 1,62% para 0,83% no período, diante do menor efeito dos reajustes
de medicamentos. Já o grupo alimentação e bebidas apresentou alta muito próxima
à verificada em maio (0,71%, ante 0,78%).
Chama atenção o movimento dos indicadores de inflação
subjacente, com forte desaceleração no mês passado. O índice de difusão, por
exemplo, caiu de 63,0% para 55,2%, abaixo da média histórica pela primeira vez
desde o fim de 2014. No mesmo sentido, o núcleo por exclusão acumulou
alta de 6,8% nos últimos doze meses, inferior à variação de 7,2% verificada em
maio. Por fim, o hiato negativo do produto continuou mostrando seu efeito
desinflacionário sobre os preços de serviços, cuja variação positiva de 0,32%
veio ligeiramente abaixo da observada em maio, de 0,36%, ficando 0,14 ponto
percentual abaixo das nossas estimativas.
Para o próximo mês, esperamos aceleração do IPCA, para
uma alta de 0,48%, refletindo a maior pressão vinda dos preços de alimentos e a
alta sazonal de serviços. A despeito disso, o resultado de hoje reforça nossa
expectativa de desaceleração da inflação ao longo deste ano, refletindo a
retração da atividade econômica e, mais recentemente, a apreciação cambial.
Assim, estimamos que o IPCA encerrará 2016 com avanço de 6,50%.
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