Em busca dos conservadores, Obama da guinada direitista
Clipping / Jornal Folha de S.Paulo
Barack Obama tem deixado a direita perplexa e a esquerda indignada. Em busca do voto do eleitor norte-americano moderado, o senador democrata vem abandonando um a um pontos da plataforma progressista que lhe valeu a indicação virtual a candidato da oposição à sucessão de George W. Bush.
A guinada conservadora começou já no dia seguinte ao que declarou que era o escolhido de seu partido, em 3 de junho, quando discursou ao lobby israelense e disse que Jerusalém era indivisível, uma posição hoje só defendida pela direita de Israel. Mas vem se intensificando nos últimos dias e promete se prolongar.
Só na última semana, Obama apresentou uma versão mais conservadora de sua visão para a Guerra do Iraque, a lei que regula os métodos de espionagem eletrônica implantados por Bush, os programas federais de apoio a grupos religiosos e o direito ao aborto.
Um dos primeiros políticos a criticar publicamente a invasão norte-americana, Obama disse na quinta que "ajustará" seu cronograma de retirada das tropas americanas do solo iraquiano, antes de até 16 meses.
Dias antes, avisara que votaria a favor de medida que atualiza o Ato de Vigilância de Inteligência Estrangeira (FISA). A lei exime as companhias telefônicas de culpa retroativa por terem permitido escutas não amparadas por mandado judicial; Obama era contra a ampliação.
No mesmo dia em que fez o novo discurso sobre o Iraque, veio a público uma entrevista que deu à revista cristã "Relevant". Nela, diz que "sofrimento mental" da mulher não é justificativa para o aborto tardio, prática restrita por lei federal. A posição contraria sua defesa anterior e as organizações pró-aborto, que apoiavam Hillary Clinton e passaram a apoiar Obama quando ele venceu.
Obama criticou ainda decisão recente da Suprema Corte de não permitir pena de morte para estupradores de crianças e não criticou outra decisão da corte que na prática suspende a proibição de porte de arma em Washington, contradizendo de novo declarações anteriores.
Por fim, discursou, em Ohio, que não só vai continuar os polêmicos programas federais de Bush de auxílio grupos religiosos que prestam assistência social como quer expandi-los.
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