As ações do banco subiram 14% no pregão de ontem e por esta razã a BM&FBovespa pediu
explicações. O banco estatal emitiu um comunicado em que informa não ter
identificado "nenhuma informação que tivesse partido do banco ou mesmo de
seu controlador, o Estado do Rio Grande do Sul, que justificasse tal movimentação".
No documento, o Banrisul afirma que a movimentação atípica se deu por causa da
reportagem do jornal Valor Econômico (clique aqui para ler o comunicado na
íntegra). A matéria informava que fontes do governo federal teriam admitido que
dificilmente o problema do Estado será resolvido sem a venda.
A fonte do jornal Valor foi de gente do próprio ministério da Fazenda.
2 comentários:
Privatização já... os acionistas merecem!!!
Sartori e Temer. Quando a união faz a força
Por Sergio Araujo
Tudo jogo de cena. Cartas marcadas. Refiro-me às exigências da equipe econômica do governo Temer para auxiliar os estados endividados a sobreviverem as suas crises econômicas. No caso do Rio Grande do Sul, a aliança peemedebista para a privatização da máquina pública, vê-se hoje com clareza, era e é o projeto governista de Sartori. Esqueçam o candidato enigmático, o governador titubeante dos primeiros meses, tudo cortina de fumaça para criar um estereótipo de “Salvador da Pátria”, aquele que veio para tirar o Rio Grande das trevas. Ou do caos, como os peemedebistas gostam de bradar.
Pois a mesma estratégia tergiversante e idêntico objetivo envolve essa operação Salva-Estados, comandada pela equipe econômica do governo Temer. Só mesmo alguém alienado ou desprovido de qualquer resquício de vida intelectual pode acreditar que Sartori deu uma de visionista ao se antecipar às medidas que seriam exigidas para o socorro federal. Trata-se, na verdade, de uma “tabelinha” tão perfeita que causaria inveja a Pelé e Coutinho, craques do grande time do Santos da década de 60.
E a tal “empatia colaborativa” da União para com o governo Sartori é de tal monta que até elogios públicos foram realizados pelo ministro da Fazenda. “O governo gaúcho já adotou uma série de medidas relevantes e abrangentes para o ajuste fiscal”, afirmou Henrique Meirelles, antevendo facilidades para o desejado perdão temporário da dívida do RS. Entenda-se como “dever de casa”, como o governador gaúcho classificou o elogio, o aumento do ICMS, a aprovação da previdência complementar, a elevação da alíquota de contribuição previdenciária para 14% e a redução da máquina pública mediante extinção de órgãos públicos e, consequentemente, de demissões de servidores.
Agora dá para entender por que Sartori se enfurece quando chamam seu Projeto de Ajuste Fiscal de Pacote de Maldades. É que para ele a culpa da crise financeira do Estado não é do governo (pelo menos do seu), mas dos servidores e do tamanho do máquina pública. Da mesma forma que o governo Temer. E o PMDB. É que para os peemedebistas a tal “ponte para o futuro” só leva a um destino, com direito a arco-íris e pote de ouro: o Estado mínimo.
Minuciosamente planejado, o pacote de maldades de Sartori chega agora a sua fase derradeira. Entregar as joias da coroa. Refiro-me à privatização da Sulgás, da CRM e do que restou da CEEE. Mas para isso é necessário que o Parlamento gaúcho aprove o projeto de lei que acaba com a obrigatoriedade de um plebiscito para poder vende-las. E aí, mais uma vez, aparece a “mão amiga” do governo Temer.
Para obter a concordância federal para a suspenção da dívida por 36 meses a União condiciona o acordo à venda desses ativos. Eis aí, o fator externo, a desculpa, a motivação, que o Palácio Piratini precisava para sensibilizar a maioria do plenário da Assembleia. Uma espécie de “agora vai”, típica expressão adotada nas dramáticas frases proferidas por Giovani Feltes.
Tamanha artimanha mostra aos incautos e descrentes algo que os mais experientes já sabem: Nada na vida é por acaso. Muito menos em política. Não entendo, por que tantas pessoas se deixam enganar pelas aparências? Pelas falsas “boas e bem intencionadas” intenções? Pior, por que se contentam com o consolo da decepção, como reação civilizada da traição? E, nesse caso, por que não reivindicam o direito de serem ressarcidos com a verdade? Com uma confissão ou retratação? Nada pode ser mais degradante para uma pessoa do que a ilusão premeditada, intencional.
Quem pensa que a saga do desmonte do Estado, promovida pelo governo Sartori, chega ao seu derradeiro limite está novamente se iludindo. Já se ouve nos corredores palacianos e se lê disfarçadamente na imprensa, que o Gran Finale estará reservado à privatização ou federalização do Banrisul. Se depender da tabelinha Temer – Sartori será gol certo.
E aí, a pergunta que não quer calar é: Os gaúchos vão ficar assistindo a tudo isso da arquibancada?
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Sergio Araujo é jornalista e publicitário
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